Porque as bizarrices cotidianas devem ser comentadas

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Doa-se cliente

Velho criando confusão na loja, pois fora até lá fazer uma troca, mas não planejava pagar a diferença. Um clássico do comércio. Quem o atendia era Ana, uma vendedora que engoliu aquele apito de chamar maluco. E não consegue cuspi-lo.

Depois de muito reclamar, ameaçar, bradar que conhecia "seus direito", o filho da puta concordou em pagar a diferença mediante a um pequeno (enorme) abatimento no valor final.

Vocês ainda terão a oportunidade de me ver algemada na TV confessando um assassinato. E a Ana no mesmo camburão. E será em breve.

Dirigiu-se ao caixa, local onde insisto burramente em permanecer, JOGOU 6 real referentes à diferença entre as peças, os quais capturei no ar com habilidade ninja, e se pôs a falar:

"Zeroquarentaeoitonovecentosevinteduzentosecinquentatrintaesete."

Demorei alguns segundos para captar a mensagem e minha cara tomou, momentaneamente, a seguinte forma: "?".

Percebendo o fiapo de dúvida que me acometera, o velho disparou novamente, desta vez em elevado tom de voz:

"Zeroquarentaeoitonovecentosevinteduzentosecinquentatrintaesete!!"

Calmamente (porque estou fazendo o possível para manter a calma; se chegar ao fim do ano sem empalar alguém, estou apta a ir ao Tibet na condição de Lama), comecei a explicar que houve um grave problema com a impressora de minha máquina registradora, portanto a assistência técnica havia retirado o trambolho dois dias atrás, e no momento ela encontrava-se em um posto fiscal, único local autorizado a abrir objeto de tal natureza, para conserto - e o homem bufando.

E apresentei o comprovante. O comprovante que comprovava que a máquina que emitiria a porra da nota fiscal paulista estava QUEBRADA e CONSERTANDO - e o homem bufando.

Logo, não haveria possibilidade de materializar a nota naquele momento, mas ele deixaria o número de seu CPF - cuja numeração era compatível à dos documentos emitidos no Paleolítico - que, tão logo a registradora retornasse, eu enviaria a nota paulista para sua residência.

Ao que o velho me respondeu:

"Quer dizer que eu vou sair daqui assim? De mãos abanando?"

Neste momento, entrei para o grupo de risco do AVC. E a Ana emendou:

"Não, o senhor pode enfiá-las no bolso...."

Por isso que certas pessoas são contratadas.

Um comentário:

Thiago disse...

Raciocínio rápido, senso de humor... taí alguém que merece um aumento!