Porque as bizarrices cotidianas devem ser comentadas

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Sangue Calabrês em resumo

Não sei se vocês sabem, mas a empresa para qual trabalho funciona em uma bela vila de casas, um oásis em meio à zona e loucura do Itaim Bibi, São Paulo, SP, Brasil, Third Rock from the Sun.

Hoje a tarde, uma garota que trabalha no escritório vizinho à este hospício que me contratou no passado, adentrou nossas dependências BRANCA, suando frio, com tremedeiras, absolutamente em pânico, pois tinha ido ali sacar um dinheiro e notou que um trombada estava a persegui-la pela rua.

Ela optou por invadir nossas instalações ao invés de se dirigir à casa onde trabalha pois além de estarmos mais próximos da entrada da vila, somos aqui 10 ou 12 - depende se há motoqueiros ou não - caras grandes, bravos guerreiros, xófens, fortes, sendo a maioria do contingente filhos da Nação Corintiana.

Sábia decisão.

Pois a criatura que a seguiu e planejava assaltá-la teve a ousadia de montar campana na entrada da vila. O medo da moça era justamente se dirigir ao fim da rua, ser obrigada a destrancar a porta e adentrar sozinha seu local de trabalho enquanto o ladrão poderia calmamente dar um pinote, pegá-la no caminho e ali entrar com ela.

Coi-ta-do.

Logo que ela relatou o ocorrido, larguei tudo o que estava fazendo e saí pela vila, pisando duro, já avistando o imbecil sentado no nosso meio fio. Estampei minha pior cara de mulher louca psicótica desorientada na fuça e segui em frente, sempre encarando o condenado, que estava inteiro de azul royal, tipo o 2746 da escala Pantone, mas só que fosforescente. Além de ostentar um penteado moicano que foi eletrocutado no 220.

PARÊNTESE: quem, em sã consciência, se veste de AZULÃO desgovernado e vai assaltar pessoas na rua? Mas é ligar pra polícia e falar: "foi um cara AZUL ROYAL BRILHANTE com um moicano louco na cachola que me roubou" e não dou 5 minutos pra acharem o retardado. Pra quê colocar uma calça preta, camisa branca e um capacete, né? Nem isso brasileiro sabe fazer direito, que desgosto.

Pois bem. Prossegui minha caminhada com a expressão de louca homicida colada na cara, olho no olho com o ladrão. Em um surto de bom senso, o criminoso levantou sua bunda da calçada e foi encostar no poste de luz que temos logo aqui em frente. Daí mudou tudo, pois notem que deste momento em diante, ele assumiu o papel de perseguido. Fui até o poste, parei bem atrás dele e dei uma tossida agressiva, algo como "COOOOFFFFF COOOOOOOOOOOOOOFFFFFFFFFFFFFFFFF RRRAAAAMMMMRRAAAMMMMM"

O mau elemento deu mais 3 passos para a direita e lá estava eu, novamente, tossindo em seu cangote. Num piscar de olhos, seu cúmplice - sim, havia um cúmplice - que estava na fila da lotérica apinhada de gente, lançou um olhar de "simbora malandro, isso vai dar errado" e num milésimo de segundo, já tínhamos 4 caras grandes que integram esta equipe da qual tanto me orgulho, entre eles meu Big Boss, com um TACO na mão. Um pedaço de madeira maciça de 1m20 de comprimento. Ele simulava rebatidas de baseball, por favor tentem visualizar a cena. Para quem estiver cogitando perguntar de onde ele tirou isso, adianto que não há pistas. Don't ask.

A nós, juntaram-se funcionários do atacado de alimentos que funciona bem ao lado, galera do salão de cabeleireiros que fica logo à esquerda, um povo do botequim em frente, transeuntes desocupados e só sei que o azulão sumiu na fumaça.

Claro que ligamos para a polícia e denunciamos "um suspeito trajando AZUL ROYAL BRILHANTE com um moicano louco na cachola". Mas CLARO.

Seguinte: vai assaltar? Faz direito, filho. Saca uma arma, aponta pra pessoa e diga pau-sa-da-meeeente "me passe o Iphone ou eu te mato". Se optar por ser mongoloide como essa anta, vai sair de mão abanando e ainda virar motivo de chacota no Itaim Bibi e adjacências, sacou?

Povinho.


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