Porque as bizarrices cotidianas devem ser comentadas

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Alguém?

Lembrei de uma coisa que eu queria perguntar há tempos e só agora me veio à memória. Por favor, me confirmem se alguém já fez algo semelhante à performance que protagonizei certa vez.

Foi assim:

Estava eu no camarote da Brahma na Sapucaí em um sábado de desfile das campeãs, não me lembro quando exatamente, mas digo que foi lá no início dos anos 2000. 2001, 2002, 2003, 2004, não me lembro.

Mas como eu já comentei aqui, estranho mesmo é quando a gente se lembra do que realmente aconteceu durante um carnaval na Brahma, né.

Para quem não frequenta sambódromos, gostaria de explicar que no desfile das campeãs, é tradição os integrantes das escolas de samba tirarem parte da fantasia e jogar adornos, penas, chapéus, esplendores para os espectadores. Portanto, especificamente nesta data, é muito comum avistar nos camarotes, frisas e arquibancadas, pessoas com penachos e similares na cabeça. Tipo isso aqui:



Essa foto é do camarote de SP, mas foda-se. Efeito ilustrativo, apenas. É isso que acontece nos sambódromos. NORMAL. ROTINA. Galera anda assim pelo lugar.

Voltemos. Daí eu estava lá no camarote da Brahma, naquele grau de bebedeira típico que atingimos em se tratando de festividades como essa, e resolvi dar uma volta, ir até o restaurante, ver como estava a praia artificial que montaram ali nos fundos, circular.

Entrei num corredor e na direção oposta, vinha um cara que eu conhecia. Conhecia muito bem, disso eu estava certa. Mas eu não conseguia nem fodendo me lembrar de onde, como, quando, porque e o nome do cidadão tampouco.

Aquilo foi me afligindo pois em menos de 20 segundos, nossos caminhos cruzar-se-iam. Pedi aos céus uma dica, uma pista um nome, apenas um nome, mas não fui atendida. E chegou o momento em que demos de cara um com o outro no estreito corredor. Sem saber como proceder, decidi cumprimentá-lo, claro. Porque se eu sou uma louca esclerosada incapaz de recordar a origem daquela relação, minha obrigação é ser pelo menos simpática com o homem.

Estampei meu melhor sorriso na cara e fui de encontro a ele.

"Oooooooi!! Tudo bem?" - Dando dois beijos no rosto.

Muito receptivo, atitude que endossou o fato de que realmente nos conhecíamos, o cidadão retribuiu meu sorriso efusivamente e respondeu:

"Tudo! E você?" - Com um abraço.

E emendamos aquela conversa clássica, totalmente desprovida de conteúdo:

"Tudo ótimo! Não tinha te visto ainda, você veio nos outros dias?"

"Vim, claro. Venho sempre né. Também não tinha te visto..."

"Pois é, veja só, a gente no mesmo lugar durante 3 dias e fomos nos encontrar só agora, que coisa, né?"

"É..."

"E de resto, tudo bem?"

"Tudo ótimo, e com você?"

"Também, tudo certo"

"Ai que bom"

"Sim, assim que é bom..."

Nesse ano, a Mangueira tinha um tema qualquer que envolvia turbantes, muitos turbantes, nas alegorias. O cara estava com um turbante da Mangueira na cabeça, OBVIAMENTE arremessado por algum folião, como já expliquei anteriormente.

"Mas me conta, você saiu na Mangueira?"

"Não."

CLARO QUE NÃO. QUE MERDA DE PERGUNTA FOI ESSA?

"Ah tá. Que ótimo. Muito bom te ver, querido!"

"Também adorei te encontrar"

"Não some hein? Vamos falando!"

"Claro!"

"Vou ali no restaurante, tchau"

"Tchau, beijo!"

Entro no restaurante e dou de cara com uma Gabriela Scarcelli, minha irmã, esbugalhada com um ponto de interrogação gigantesco no lugar onde originalmente havia sua cara. Ela me olha, já com um ataque de riso descontrolado tomando forma e pergunta:

"Por que você estava conversando com o RONALDO? Por que vocês se abraçaram e deram dois beijos de oi-tudo-bem?"

Sentamos no chão e rimos durante 45 minutos ininterruptamente. Quase acionamos o atendimento médico.

Era daí que eu conhecia o cara. Pelo menos o mistério foi esclarecido, sejamos otimistas.

O que me consola é acreditar na hipótese de que ele também achou que me conhecia desde criança, mas não lembrava de onde, como, quando e porque.Claro que não desconsidero a probabilidade de, na verdade, ele ter me achado a maior louca do Universo e entrado em contato com a segurança do lugar tão logo conseguiu se desvencilhar de mim.

FIM.


3 comentários:

Káh disse...

Passei por uma assim em 2010, e nem louca da ceva eu andava. Estava eu numa festa, e olhei pra uma guria, que dizem ter sido minha colega- não lembro até hoje e super me apresentei, disse meu nome e MUITO PRAZER.

E pior, sigo não lembrando dela até hoje. Eu e o alemão- alzheimer , naquele nosso caso sério.

Luana disse...

HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA

melhor o "Ah tá. Que ótimo. Muito bom te ver, querido!"

Paulinas disse...

eu sou ridicula, dizaê, gemt.