Porque as bizarrices cotidianas devem ser comentadas

terça-feira, 18 de setembro de 2012

A Ruthinha é boa, a Raquel é má

Seguinte: recebi 18 convites de casamento, tudo ao mesmo tempo. Fui obrigada a criar uma planilha para conseguir organizar este schedule, pois daqui até dezembro teremos um evento matrimonial por fim de semana,  em média.

Mentira, não tem planilha nenhuma porque não sofro de desvios obsessivos compulsivos, mas é como se tivesse, gente. E também não são assim DEZOITO convites mesmo, mas posso fazer drama? OPA, valeu. Na minha cabeça sei que tenho o casamento da Andreia, o da Mirella, o do Paulo Henrique, o da Claudia, o do Peão e mais uns dois aí, entenderam? São estes.

Daí estou aqui com 2 dos convites abertos para tentar assimilar nomes dos noivos, data, local e horário para a programação, quando toca meu celular. Do outro lado, uma gentil senhora me pergunta se pode confirmar minha presença no casamento de "Marcelo e Beatriz". Tomada pelo pânico (quem são estas pessoas??), peço para ela aguardar um minuto e respondo:

"Marcelo e Beatriz? Não seria Claudia e Adolpho?"

A LOUCA. Pensem na cara que a mulher fez do outro lado, apenas tentem imaginar. Coloquem-se no lugar dessa mina.

"Não, Paula. Seria Marcelo e Beatriz mesmo, viu..."

"Marcelo e Beatriz? [muitas interrogações voando em torno da minha cabeça]. Não é Joana e Paulo Henrique, não?

"Não, não. Não é. É MARCELO E BEATRIZ MESMO." - já demonstrando uma certa falta de paciência na voz.

"Mas.....Marcelo e Beatriz? Eu não conheço essas pessoas", afirmei incisivamente.

"A senhora não se chama Paula Scarcelli?"

"Sim, sou eu. Paula Scarcelli." [creio. tenho que confirmar, querida]

"E a senhora não recebeu o convite para o casamento do Marcelo e da Beatriz?"

"Não, não recebi não. Nunca vi esses dois na vida."

"Que estranho. Tenho seu nome aqui."

"Muito estranho. Beijo, tchau."

E emendei discursando sobre como a qualidade de qualquer serviço que você queira contratar neste país é inclassificável, sobre como são estúpidas as pessoas em geral, nem telefonar para os outros são capazes, que bando de imprestável, e é assim que querem sediar uma Copa etc.

Dez minutos depois, encontro com a minha irmã e ela me pergunta: "e aí? o RSVP do Peão te ligou?". Quase tive um derrame cerebral, pois notem que:

O Peão é o Marcelo, no caso. Claro que Peão é apelido, nada mais óbvio. Esse cara é amigo da família há 20 anos, ok? Não estamos falando aqui do primo da vizinha da amiga do sobrinho do cara que trabalha com o cunhado da secretária da tia da empregada de uma amiga de um amigo meu. Estamos falando aqui de um nego que é quase da família, entendem?

No dia seguinte liguei para a mulher tentando disfarçar a voz e confirmei minha presença.

Situação vexaminosa.

Tenho certeza absoluta de que a lista interna está sinalizada assim:

PAULA SCARCELLI (*louca; **mesa 12; ***controlar a bebida; ****redistribuir os seguranças pelo salão, de modo que tenhamos sempre 2 a seu lado; *****danger)

Ou algo semelhante.

Vou começar a assinar "Tonho da Lua".

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