Porque as bizarrices cotidianas devem ser comentadas

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Mais episódios caraivanos

Réveillon de 2007, creio eu. Já não tenho memória suficiente para garantir com exatidão, mas o que vale é a baixaria, sim?

A grande festa deste ano aconteceu no Varandão, lado oposto do rio, lugar com a mais deslumbrante vista do vilarejo.

Ainda durante o dia, Preto já estava com suas faculdades mentais absolutamente comprometidas e caminhava pela praia com metade da bunda de fora e uma canga amarrada no pescoço no melhor estilo capa do Superman.

Nossa programação para a virada do ano envolvia passar a meia noite na praia e logo na sequência embarcar nas canoas que nos conduziriam ao Varandão.

O relógio virou 00h05 e começou ali a tempestade do século. Desnecessário comentar que ignoramos a adversidade climática e rumamos para a festa.

Foi adaptada uma entrada para os que chegavam nas canoas. Em outras palavras, foi escavada uma escada ali no pé do morro, artesanalmente, para que os que completavam a travessia pudessem subir em direção ao platô.

Tudo correu muito bem, a festa foi uma beleza, mas nem paramos para notar que a chuva persistia. Na verdade, o aguaceiro durou a noite toda e no momento em que as pessoas, mais bêbadas que o Mussum, decidiram retornar à Vila EM MASSA, o que não existia mais?

A escadaria escavada na encosta, claro.

Aquilo virou um tobogã de lama, o que obrigou alguns tentarem conseguir apoio nas plantas. Gente segurando na grama, em folhas, uma cena ridícula sem precedentes. A maioria rolava morro abaixo sem reação (eu inclusa) e uns poucos otimistas tentavam se equilibrar. Os que conseguiam descer a rampa relativamente inatingidos foram os grandes protagonistas do evento, pois chegavam à beira do rio considerando-se vencedores. O sentimento de superioridade fazia com que se esquecessem de que aquilo é um mangue e todos, sem exceção, terminavam submersos no lamaçal que fez o papel de ancoradouro. Uma beleza. Era lama na cara, na orelha, no nariz, no cabelo.

Como todos deixaram a festa simultaneamente - na hora que acabou - não havia canoas suficientes para atender a demanda. Preto, que permanecia com a bunda de fora e capa amarrada no pescoço, lançou-se no rio e decidiu ir a nado. Não obteve sucesso, pois.........(bem, preciso explicar?) e retornou à margem com uma crosta de chuva, lama, água, vegetação e mangue sobre seu corpo. E cara. E bunda. Foi algo maravilhoso, nem queiram imaginar.

Enfim. Este primeiro de janeiro foi marcado por uma Caraíva tomada de nego MARROM andando pelas ruas e aquilo parecia a ala dos mendigos Beija-Flor 1989 porque pensem que todos vestiam branco, não se esqueçam que estamos tratando de virada do ano aqui.

Como eu disse, uma beleza.

Importante comentar que este verão também foi marcado pela chegada da energia elétrica à vila, projeto executado de forma louvável, cujo comprometimento com o meio ambiente foi seguido à risca e cumprido com excelência. Toda a fiação veio enterrada, passando sob o leito do Rio Caraíva e assim seguiu pela cidade, sempre por baixo da areia, tudo aterrado, tudo de acordo com as normas estabelecidas pelo IBAMA, FUNAI, SOS Mata Atlântica, essas coisas todas.

Lá pelo dia 13 de janeiro, eu e Preto resolvemos dar uma pinta ali no Espelho, logo, embarcamos em uma canoa para cruzar o rio e pegar a estrada em direção ao Curuípe. No meio da travessia, o canoeiro para, pois atingiu alguma coisa com o imenso remo - daqueles que apoiam no fundo e empurram a canoa.

Me sobe das profundezas um mergulhador que estava lá passando a fiação elétrica. Sem nenhum equipamento, como cilindro de oxigênio, snorkel, mascara, pés de pato, NADA. Ele vestia uma roupa de mergulho que tinha um ziper na frente, mas não era algo como neoprene, parecia a roupa do Batman original da TV, até a cor era igual.

Enfim: o cara tá debaixo d'água no peito, toma uma baita remada na cabeça, aparece na superfície puto com o canoeiro, sobe numa plataformazinha adaptada que servia como uma espécie de base para a equipe, ABRE O ZIPER da "roupa de mergulho" e tira de algum compartimento um maço de Minister. Saca um isqueiro e acende um cigarrão. Senta na plataforma e começa a blasfemar enquanto apalpa o próprio crânio procurando por sangue ou hematomas.

Reação de Preto:

"E aí mergulhador!!! Veio tomar um ar?"

Porque minha gente: ele está executando um projeto de engenharia debaixo do rio no fôlego [ai...ÁLEGO, RISOS], compreendem? Mas nem um capacete deram pro maluco, percebe?

Ele cai na gargalhada, faz um "jóia" pra gente e responde:

"Esse fidaputa aí que me pegou desprévinido!" E emenda com mais uma gargalhada.

SÓ EM CARAÍVA. SÓ.

Sim, a luz chegou e funciona. De alguma forma os caras fizeram aquilo dar certo. Só no além rio mesmo.

3 comentários:

Madureira disse...

"A maioria rolava morro abaixo sem reação" hahahaha, não consigo terminar o texto, não paro de rir visualizando!

Madureira disse...

Ahaahauahauahauah maço de minister!!!

Paulinas disse...

calcule quanto tempo eu demorei para parar de rir disso.