Porque as bizarrices cotidianas devem ser comentadas

sábado, 18 de outubro de 2008

Vizinhança Phyna

São Caetano do Sul, 18 de outubro de 2008. Horário: 4 e meia da tarde; loja apinhada, as tia tudo fazendo compras, fato que me fazia muito feliz naquele momento, já que adotei um método de trabalho baseado em equivalências, cujo mecanismo me permite vizualizar quanto dinheiro torrarei em pinga durante minha estada em Caraíva no longo e belo verão sob tendas/beira rio.

Subitamente, gritos desviaram minha atenção. Associei, em primeiro momento, tal manifestação de estirpe duvidosa ao grande evento esportivo que ocorria naquele espaço de tempo, contando com a participação do soberbo clube de futebol conhecido mundialmente como Corinthians. (Ê Ô!)

Mais alguns instantes se passaram, e notei a aproximação física dos tais berros. Percebi que eram emitidos por um grande e unido grupo de descontrolados. Havia, inclusive gritos femininos saindo ali do tumulto.

Foi quando uma horda de pessoas suspeitíssimas chegou em frente à minha bela loja. Eram uns 20 ou 30 varzianos que se estapeavam em praça pública. Eram homens, mulheres, velhos, moleques e crianças, protagonizando aquilo que chamamos de pancadaria. Porrada pura, UFC a céu aberto. Alguns já estavam até ensanguentados (JURO).

Tendo esta cena única acontecendo ali na porta, a reação de TODOS os meus clientes - eram umas 50 pessoas comprando - foi a de largar tudo o que experimentavam, escolhiam, pagavam ou desejavam, e se dirigir à porta para apostar em quem morreria primeiro. QUEM GANHARIA. Papai, teletransportado à Disney - quer fazer o dia do meu pai? arranje uma briga para ele se meter. Presente de aniversário ou Natal? Descola uma briga e mete ele no meio- , se meteu no quiprocó e, devido à sua estatura intimidadora, obteve sucesso em conter o hã......desentendimento, digamos assim.

Daí me chega os puliça. 15 viaturas na minha porta. Fazendo aquele bafafá que eles amam, armas em punho, enfim, eu já estava me sentindo no camarote Brahma de 2002 cantando o samba da Mocidade que dizia "é show, que euforia, festa na cidade, o grande circo místico chegou de mãos dadas com a Mocidade, abra as cortinas do seu coração, nossa arte é vida, cheia de emoção..." e por aí vai. Tive um flashback porque VEJAM:

A confusão estava contida. Meu pai havia separado a briga. Me aparece 300 mil guardinha e adivinhem o que aconteceu? Tudo se descontrolou novamente. Teve policial que apanhou tentando separar briga de mulher, uns moleques batiam nuns véio com pedaços de limpadores de para-brisa, o outro crazy puxando uma mina pelo cabelo, velha desmaiada, fecharam a rua, tipo fim de jogo no Pacaembu.

E meu pai lá, chamando todo mundo de "ô bobão". Meus clientes torcendo para seu maloqueiro favorito, assoviando, participando daquilo como se fosse um De la Hoya X Holyfield na arena MGM em Vegas.

Mais de uma hora se passou até o caos ser controlado e todas as 200 pessoas que se aglomeravam em torno do meu estabelecimento comercial terem o prazer de descobrir o que causara a treta.

Olha que graça:

Toda aquela gente era pertencente à mesma família. Uma parte dessa família vive no poleiro localizado em frente à loja. O atual marido da mulher que vive ali, bateu na filha dela, que vem a ser uma criança de 5 anos de idade. O filho de 15 anos foi tomar satisfação com o padrasto e o cara deu no moleque também. A mãe, ficou puta e ligou pro ex-marido, pai dos dois que tomaram na fuça. Ele foi lá e adivinhem: tomou uma bifa também. Decidiu que era o momento de colocar em prática o "bateu-levou" e assim nos presenteou com tão sublime acontecimento. Não conseguimos identificar, entre os outros arruaceiros quem era quem. Tipo quem era avó de quem, quem eram as noras, as cunhadas, os primos, as comadres. Pesquisarei, obviamente.

Importante informar que o padrasto, protagonista e causador desta demonstração de equilíbrio emocional e respeito à integridade física alheia, tem como emprego o cargo de funcionário do SAMU. Sim, ele trabalha resagatando cidadãos.

Tentem não se acidentar ou ter qualquer tipo de colapso no ABC paulista. Pensem em quem pode vir te resgatar.

bjs.

Um comentário:

Red disse...

Caraca...
Até eu quero dar no padrasto agora. Vamos recomeçar a briga, por favor.