Porque as bizarrices cotidianas devem ser comentadas

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Procura-se professor(a) de auto-controle

Se alguém conhecer algum tipo de método eficaz contra descontrole e mudança de personalidade diante da oferta de bens de consumo em geral, favor entrar em contato.

Esta pessoa impedirá que eu seja obrigada a vender meu corpo ao relento - já que não podemos mais contar com a hospitalidade do finado Bahamas - quando receber as faturas dos cartões de crédito que ando estourando.

Mas o fato é que os acontecimentos estão me sabotando:

Tudo começou na semana retrasada, quando fui obrigada a entrar no shopping - pois havia uma porra de um amigo secreto cuja existência eu ignorara até então - para comprar um presente. Não, não tinha como me safar. O evento teria inicio em meia hora e eu não tinha um presente em mãos. Sim, pensei em fugir, entrar no carro, dirigir sem destino, comprar um RG falso, jogar meu telefone celular em algum matagal e adquirir um aparelho pré-pago que seria trocado a cada mês para nunca mais ser encontrada por aqueles que fizeram parte de minha antiga vida, mas meu devaneio rebelde foi interrompido com um telefonema e a ordem: "ESTEJA AQUI EM MEIA HORA!"

Ok. Voltei a 'si', entrei no shopping, comprei o presente e, na mesma loja, aproveitei para ME comprar um biquini lindo e verde.

No dia seguinte, constatei que o estrupício que me atendeu me embrulhou uma peça tamanho M. Em se tratando de biquinis, M é um tamanho, meu amor, que nem com reza nem despacho. Nem que dois bois saiam voando. Nem que eu me perca na floresta e passe dois meses sem água nem comida. A possibilidade M não existe nesta vida que compartilho com minha ampla tise.

"Tudo bem. Voltarei ao shopping para trocar por um G", pensei. E lá fui eu. Peça trocada, caminho da roça tomado, quase no acesso ao estacionamento lembrei que precisava de acetona. Minhas unhas vermelhas pareciam recém-saídas de um tanque com soda cáustica. Ou de um acidente com o processador. Adentrei a farmácia e comprei: 1 vidro de acetona e algodão; shampoos; condicionadores; piranhas, elásticos, fivelas, tiaras; escova e pasta de dentes; escova de cabelo; pente anti-estática; remédios a granel; sabonete líquido; bucha esfoliante; hidratante; esponja vegetal para banho; manteiga de cacau; aquele brilho que é um moranguinho; uma escova de cabelos para praia; um creme para os pés suspeitíssimo chamado "pé feito".

Não, minha casa não foi arrasada por uma manada de elefantes. Fora a acetona, os outros itens já constavam em meu aparador e nècessaire. Este evento significou apenas a fúria consumista se manifestando.

Semana passada fui comprar um presente para a querida Lu. Isto não significaria obrigatoriamente uma ida ao shopping - programa que acho um puta saco, inclusive - mas eu queria comprar para ela um daqueles sapatinhos liiindos da Puket e, me digam? Onde tem loja da Puket? Juro que não foi minha culpa.

Desnecessário comentar que comprei o papato da Lu e mais: 12 calçolas, meinhas e sapatinhos para o Flolfo, biquini, camisola, top.............Quando cheguei em casa, o choque. A puta da vendedora colocou na sacola o quê? Hein? Hein? Tudo M! Esta vaca, que deve ser da mesma ninhada da vendedora do biquini. Gorda e feia.

VOLTEI ao shopping no dia seguinte, TROQUEI tudo por G e, passando em frente à mesma loja do biquini, o problema primordial, vi um vestido incrível. Não poderia levar a vida adiante sem ele. Se não o comprasse, seu fantasma me perseguiria por toda a eternidade e NUNCA MAIS eu conseguiria um vestido preto que prestasse. Com medo da praga, entrei na loja e adquiri aquela belezura, não sem antes notar a presença de umas Havaianas de onça que gritavam para mim:

"Eu! Eu! Me leva!! Eu, eeeuuu!!! Eu!! Aqui!"

O que fiz em solidariedade à pobre sandália. CHEGANDO EM CASA - de novo, porra - abro a sacola e o que vejo? Um vestido. Só um vestido e nenhum par de Havaianas. Quer dizer: tudo isso é um plano muito bem bolado contra mim, não?

VOLTEI AO SHOPPING no dia seguinte, resgatei minhas Havaianas, respondendo com um latido o pedido de desculpas da monga da vendedora, passei em frente à vitrine da ótica e me lembrei de meu saudoso Ray-Ban, perdido tão jovem no mar de Angra dos Reis. Sim, já entendi. Não preciso dizer o que aconteceu. Só digo que meus sentimentos pelo Ray Ban não incluem mais "saudades".

Mas o grande desafio ainda está por vir. Há alguns meses me proibi terminantemente de acessar o Submarino devido aos problemas psicológicos relacionados a consumismo que o site me causa. A questão é que preciso de uma bateria extra para meu Treo e parece que lá é o caminho mais fácil para se adquirir o utensílio.

Portanto, se alguém tiver uma camisa de força - esta pode ser tamanho M - e puder me emprestar para que eu use enquanto estiver no site, já adianto que auxiliará em muito minha vida futura.

2 comentários:

Unknown disse...

Se encontrar o tal professor manda pra mim que tb estou precisando...

Anônimo disse...

Paulinas,
se vc encontrar tal professor, por favor, passa o contato!!!
E pergunta pra ele se dentro dos serviços que ele ofereçe, está incluso o de ligar para a gerente do banco e explicar para ela que a sua cliente só entrou no cheque especial porque PRECISAVA ter aquelas coisas!