Porque as bizarrices cotidianas devem ser comentadas

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Como identificar um LOUCO

Darei alguns exemplos citando situações que vivi/presenciei hoje:

Eu e Frávia, minha parceira de trampo e dona daquele Império do Turismo onde trabalho, fomos a uma reunião hoje pela manhã. Nove e meia, deveríamos estar no escritório de um cliente importantíssimo, localizado ali na Chucri Zaidan logo ao lado da Av. Morumbi. E aquela chuva filha de uma puta caindo desde a madrugada. Pensem o quão agradável foi nosso trajeto desde o Jardim Europa até aquela pororoca maldita de carros, ônibus, táxis desgovernados, bicicleteiros, motoqueiros, hordas de pessoas e similares correndo pela tempestade.

Uma delícia. Não sei como tal programa não consta como opção para dias chuvosos em São Paulo nos mais conceituados guias do mundo. Arranjem um tempinho e dêem um pulinho lá, gente. É mágico.

Entramos na BOSTA do prédio já com aquele início de ódio brotando no coração e fomos atendidas por uma imbecil, funcionária da recepção. Típica. Só faltou estar lixando a unha. Que teria um tom laranja cintilante, florzinhas desenhadas e 12 cm de comprimento. O que não faltou: cara de cu murcho, muxoxos e telefonema com colega.  Amassou meu documento, fez cara de merda e bufou para tudo, uma vaca. Tomara que ela tenha perdido tudo na enchente hoje.

Enfim.

Nosso compromisso era com o Sr. Chucrutes Amaral Pereira Goés em seu escritório, no nono andar. Entramos no elevador junto com outras pessoas e apertamos o botão onde lia-se “9”. O elevador parou, saímos do aparelho e entramos pela porta que dava acesso ao interior da empresa. Todos nos olharam com uma interrogação na testa e voltaram a exercer suas funções. Ficamos lá, prostradas como duas bromélias, paradas no meio do salão. Olhamos uma para a outra, pessoas olharam para nós, olhamos novamente uma para a cara da outra até que uma gentil moça aproximou-se:

“Oi, posso ajudar?”

“Sim, temos uma reunião com o Sr. Chucrutes agora.”

“Qual Sr. Chucrutes?”

“O Sr. Chucrutes Amaral Pereira Góes.”

“Mas de que área ele é?” – testa franzida deixando nítido que nunca havia ouvido falar no cara.

“Facilities....”

 E emendou: “de que empresa ele é?”

“Da Chucrutes Corporations...”

“Olha, aqui é o HSBC [a parede à nossa frente adesivada de ponta a ponta com a logomarca da instituição], a Chucrutes Corporations fica no nono andar.”

DESCEMOS DO ELEVADOR NO 4.

Pessoas saíram, saímos atrás e invadimos o HSBC perguntando por um ser inexistente naquela empresa sem mesmo notarmos a presença das letras H, S, B e C ocupando uma parede inteira de 3 metros de altura.

Bem: não estamos. Se tem uma coisa que não estamos é bem.

Corta.

Algumas horas depois, já de volta à sede do Império do Turismo, estou eu tranquilamente operando milagres em minha mesa quando ouço berros. Um misto de pedido de socorro com demonstração de pânico e pavor que quase fez com que eu grudasse no teto. Vou verificar o ocorrido e dou de cara com Frávia, de quatro, sob uma mesa. Ela estava sem cabeça.

Se enfiou atrás de um móvel FIXO para arrancar um fio da CPU e ficou presa lá. Agora imaginem a cena do Abulcacys chegando para serrar um móvel porque uma mulher maluca meteu a cara onde não devia e agora está prensada contra a parede. Eu é que não ia receber este homem. Muita gente no espaço aéreo sul americano já me acha desorientada, não preciso de mais membros não. A propósito, ela foi salva por interferência divina. Era pra estar entalada até hoje. Nem sei como passou a cara pelos 4cm que separam a bancada da parede.

Juro.

Daí, esta espertalhona que vos fala, resolveu ir embora no meio daquela chuva horrorosa e saiu correndo pela Faria Lima. Foda-se, só tem doido na rua mesmo, né? Não, não é. Na esquina da Gumercindo Saraiva havia uma PISCINA de lama e elementos radioativos entre uma calçada e outra. A desembestada aqui, cagando e andando para a água, já que nada mais podia ser feito, foi furando o cerco dos pedestres que fechavam meu caminho e, ao chegar ao meio fio, fez a grande descoberta: os ônibus que ali viravam jogavam cataratas de água na galera que esperava o sinal abrir. Ao me deparar com a cena, o grito:

“AAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!! Leptospiroooooooseeeeeeee!”

E saí correndo para o outro lado. 100 nego me olhando e pensando algo como “....................”

Nem sei com que cara passarei por lá na segunda feira. Por que estes malditos mercados acabaram com aqueles sacos de papel, meu Deus? Seriam ideais. Pelo menos ainda temos chapéus e jornais. E é assim que eu vou.

Cheguei ao meu carro, na Rua Escócia, parecendo uma galinha murcha depenada, com minha camisa absolutamente cara de Reinaldo Lourenço pingando água tóxica [esta cidade é um verdadeiro matadouro para uma pessoa fina] e confesso que até Domingo devo começar a sentir os primeiros sintomas. Da leptospirose, claro.

Entenderam? Um dia, duas loucas.

Beijos. 

Nenhum comentário: