Meu próximo objetivo de vida é entrar na casa de K, arrancar o grande espelho pregado na parede da sala e submetê-lo a minuciosa análise científica.
Se for confirmado que o espelho é bom, que está bem-feitinho, que funciona e que não há nada de torto nos reflexos produzidos pelo artefato, eu me mato. Me suicido, tomo creolina. E depois me jogo contra um ônibus em movimento.
Susto. Porque não é possível que minha bunda esteja, realmente, do tamanho da bunda que vi refletida ontem, durante minha incursão noturna à casa de KK. Minha cara não é redonda como a que vi ontem. Aliás, minha cara NÃO é redonda. Os braços de ontem eram como os da Joana Prado no período "Waldemar" de sua vida. Tudo grande, tudo torto, uma merda. Me senti na "casa dos espelhos", clássica atração de parques de diversões furrecos.
Pensando melhor, meu próximo objetivo de vida é entrar na casa de K em poder de um robusto taco de beisebol e, usando de violência e golpes certeiros, tranformar em migalhas a porra do espelho. Antes que ele se quebre sozinho, em virtude das imagens suspeitas que produz.
"Créc! Tá biita hein, fia?"
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