Porque as bizarrices cotidianas devem ser comentadas

sexta-feira, 26 de abril de 2013

"R-E-S-P-E-C-T-!"

Só para comentar aqui que hoje, sob o sol do meio dia, ao atravessar na faixa de pedestres e com o sinal aberto para MIM o cruzamento das ruas Pedroso Alvarenga e Iguatemi, fui NOVAMENTE atropelada por um ciclista cuja bike possuía não uma, mas duas placas inominavelmente inadequadas afixadas na parte dianteira e traseira de seu maravilhoso veículo civilizado, sustentável e o caralho a quatro e já vou explicar o porquê do emprego do termo "inominavelmente inadequadas".

Este cretino de nascença, dono de um respeitável porte atlético que certamente foi construído em detrimento de seu desenvolvimento intelectual, ao contrário de todos os automóveis e motocicletas que aguardavam parados, bonitinhos sua vez de prosseguir no tráfego, varou a luz vermelha e tcharã: passou por cima de mim, enganchou aqueles ferro tudo na minha echarpe de onça que teve dez ou mais fios puxados, fez quicar pelo asfalto meus óculos Balenciaga, interrompeu o esvoaçar de meus cabelos à leve brisa que nos agraciava o dia e só não fodeu meu esmalte porque eu fiz uma promessa pra Virgem Maria e estou sem manicure até dia 15 de maio.

A bosta da bicicleta ostentava as tais placas inominavelmente inadequadas com os seguintes dizeres:

"RESPEITE. Não poluo, não mato, não pioro o transito. Sou um carro a menos na rua. RESPEITE"

Explicado? O que dizer sobre isso? Faltam-me palavras. Como definir uma panaca desse nível? A ciência certamente ainda não categorizou tal espécie de imbecil.

Uma roda passou por cima do meu pé, levei um puta de um tranco, um susto da porra, uma pancada no meu joelho ruim que já está estalando de novo, quase matei uma japonesa de meio metro que vinha ao meu lado e agora, além de ser famosa no cruzamento da Cidade jardim com a Faria Lima - o link acima esclarece - também virei celebridade aqui na Iguatemi.

O ser superior que execra automóveis, não polui, não mata, enfim, é ~civilizado~, ao contrário de mim, que ando de carro, este produto satânico, apesar de legalizado e que galera usa desde 1884, simplesmente não obedece a regra de trânsito #1: parar no vermelho e andar no verde. Não precisa nem pensar, pombas. Tem corzinha e talz.

E vem jogar na minha cara através de duas plaquinha ridículas que eu devo respeitá-lo. A discussão foi iniciada com base neste detalhe e lá pelas tantas ele me solta a seguinte alegação:

"Calma aí moça, nem aconteceu nada, foi um acidente". Fazendo muxoxo, com cara de cu, estilo "nem vem fazer showzinho que eu to aqui sendo ciclista fodão".

Apropriando-me do lema master da nação pró-ciclistas piqueteira, cito a ladainha "NÃO FOI ACIDENTE".

Nego gigantesco passa sinal vermelho, atropela uma pessoa e diz que foi acidente. Em que mundo estamos. No mundo dos retardados, talvez. Acidente é o seu cu, meu filho.

De acordo com a lógica utilizada por este palerma, vamos supor que eu, em represália, tivesse cravado uma faca de pão 17 vezes em seu peito e ele fosse dali direto para uma sala de cirurgia. Após 8 horas de árduo trabalho da equipe médica e uma surpreendente recuperação, em uma semana essa aberração da natureza teria alta e estaria fazendo merda na rua de novo. Daí eu seria processada por tentativa de homicídio e lesão corporal. No tribunal, diante do juiz, diria: "Meritíssimo, ele está vivo sendo ciclista, não aconteceu nada". Pronto. Acabamos de fazer cair por terra todos os princípios básicos que sustentam o sistema judicial do planeta.

A pessoa comete um delito, não cumpre a lei, faz a cagada que for, mas....nem aconteceu nada....fim do problema.

Se liga na capacidade que determinados trouxas têm de distorcer conceitos firmados desde a era antes de Cristo, olha só.

Isso não é um manifesto anti-ciclistas. Trata-se de um relato do que ocorreu e eu acho mesmo que deviam colocar bom senso na água da cidade, tipo como colocam flúor ou sei lá mais o que. O cara ostenta duas placas que imperativamente pedem respeito àqueles que pedalam, não poluem, são vitimas, etc etc etc sem fim. Vangloria-se de pertencer a este grupo. E me atropela porque irresponsavelmente ultrapassou o sinal luminoso que obriga todos os veículos a parar.

Imagina se ao invés de dar de cara comigo ele desse num ônibus. Pensa no bafafá.

Não pedalo em São Paulo porque acho perigoso e não pedalo em lugar nenhum porque não faço esforço, detesto, credo. Fui uma criança exótica que não andava de bicicleta. Mas EU respeito pedestres, ciclistas, sinais de trânsito, faixas de pedestres.

Respeito, este maravilho pilar da civilização. Que deve obrigatoriamente ser mútuo, por favor, anotem isso em seus caderninhos. Vai cair na prova.

Depois eu conto sobre o carinha da bicicleta dobrável (ugh) que arranhou meu carro inteiro porque não respeitou aquela porra de 1,5m que tanto martelam na nossa cabeça.

Bêj na bunda.

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