Sentar no quiosque da Giovanna e comer coxinha até morrer.
Pensem que eu tinha CINCO horas de espera até embarcar no próximo vôo onde consegui me enfiar e diante da intervenção divina que é a existência daquela bagaça lá - a Giovanna -, nem titubeei. Atravessei a rua, apossei-me de uma mesa, abri meu livro e mandei descer coxinha com catupiry. Nonstop. Ocupar o tempo e tal.
Movimento ninja devidamente executado, até enxerguei de maneira mais otimista meu triste futuro.
Má foi o tempo de eu PENSAR em abrir meu belo book e tentar dar a primeira abocanhada javalinesca na coxinha #1 e tcharã:
Groselino de plantão.
Ali, bem do meu lado, com tempo livre no sul da Bahia. Imaginem o potencial deste senhor. A figura encostou no balcão do quiosque e decidiu que aquele era o momento ideal para começar uma conversa estapafúrdia com a desaventurada criatura que ocupava o espaço cumprindo seu horário comercial no referido estabelecimento.
Ali, bem do meu lado, com tempo livre no sul da Bahia. Imaginem o potencial deste senhor. A figura encostou no balcão do quiosque e decidiu que aquele era o momento ideal para começar uma conversa estapafúrdia com a desaventurada criatura que ocupava o espaço cumprindo seu horário comercial no referido estabelecimento.
Em uma palavra: monólogo. Em duas: monólogo desembestado. A pobre garota da Giovanna nem "sim" ou "não" fazia com a cabeça enquanto mergulhava toda sorte de empanados recheados em óleo fervente. Ela estava desesperada, pedindo socorro para o cosmos ou qualquer outra parada que pudesse salvá-la. E o Grosa na seguinte falação louca sem pausa nem respiro:
"Olhe, ontem eu comecei a me sentir mal, muito mal, tive uma sensação de morte e achei que fosse morrer. Achei mesmo. Pensei em ir pra Santa Casa, mas deitei e parei de achar que estava RUI, na verdade, eu estava bom, mas é que eu tinha uma SINUZISSE.....aquela dor na cara.....Você sabe? Não? Daí eu me dano, porque eu também não sei. [DESISTI DO LIVRO, MATEI A COXINHA, PEDI OUTRA PRA OUVINTE QUE NÃO TINHA PARA ONDE CORRER] E esse que é o problema, porque o vizinho do cunhado da garota que fica de favor lá na casa do meu tio, ela atende telefone e anota recado, sabe? Não o vizinho, a garota que fica de favor lá na casa do meu tio. Mas o vizinho do cunhado dela disse que eu tinha que tomar um remédio e eu esqueci o nome do remédio que ele me disse [NOVA COXINHA EM MÃOS]. Então eu tomei uma ASPIRONA mesmo, porque na televisão tem uma mulher que fala que é pra todas as dores, não só dor de cabeça. Mas a minha dor era na cabeça, daí eu achei que não tinha problema não. Tomei a ASPIRONA e deitei, mas não melhorava não [SEGUNDA COXINHA: DONE]. Aquilo me deu uma irritação e eu fui pra rua e o que curou minha SINUZISSE foi mesmo é cinco lata de Skol. Melhorou na hora, mas no que melhorou, piorou. Tive uma sensação de morte pior do que a primeira vez. Naquela hora era morte mesmo, morte de caixão [MANDA OUTRA COXINHA, FODA-SE O MUNDO, O QUE ESSE CARA TÁ FALANDO?]. Olha, fui pra casa, vi um filme na SKAU e hoje eu to novo. Nem parece que eu ia morrer, passou a sensação de morte. Tem que ter SKAU, quando dá esses problemas, só assim melhora. A gente acalma, televisão é muito bom pros nervo. Acalma."
QUEM. PERGUNTOU. MANO.
SENSAÇÃO DE MORTE.
SINUZISSE.
ASPIRONA.
SKAU.
QUEM. PERGUNTOU. MANO.
SENSAÇÃO DE MORTE.
SINUZISSE.
ASPIRONA.
SKAU.
Desnecessário comentar que neste momento eu já não tinha mais vontade de viver e decidi levantar da minha mesa para buscar um lugar/buraco/jaula que garantisse isolamento contra espécies como a recém citada. Abro minha bolsa pra pagar as coxa e dou de cara com um pacote.
Conteúdo: dois Kibes do Neres.
GPS: Neres-Beira do Rio-Caraíva-Porto Seguro-Bahia-Brasil-Third Rock from the Sun.
Bem, quem nunca foi à Caraíva dificilmente entenderá o que tais kibes significam, mas posso adiantar que a palavra de ordem da cidade neste verão foi "AnarKibe". Tirem suas próprias conclusões. E não, não sei como foram parar dentro da minha bolsa. Tenho até um certo medo de saber, mas enfim.
TRÊS horas depois, embarquei e deu-se aquela sequência de fatos já descrita anteriormente cujo ápice foi o despertar de minha segunda personalidade - Mallory Knox - que tem como único objetivo caçar aquele rapaz imbecil, o motorista debilóide que desencadeou essa porra toda.
Pensei em pagar o orador desenfreado do balcão para marcar uma viagem com ele. Falando. De um ponto a outro. Pensar num roteiro aqui.
Que fase.
Que fase.
2 comentários:
A morte pra esse cidadão é pouco.É confortável.
Pra ele faz sentido uma história que minha mamis conta da falecida vó: tenha SEMPRE uma água fervendo no fogão. Deu confusão? Atira dentro do ouvido do fulano.
Matraquero dos infernos.
Água fervente no fogão - anotado. Excelente.
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