Porque as bizarrices cotidianas devem ser comentadas

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Ainda sobre o trágico caminho Caraíva-São Paulo

Pois é, né. Após a maravilhosa performance de abandono na beira do Rio Caraíva, comandada por aquela bicha transformista enrustida de nome ridículo que se diz MOTORISTA e protagonizada por mim, que culminou no grandioso no show em meu vôo com destino a São Paulo, o que me restava da vida? 


Sentar no quiosque da Giovanna e comer coxinha até morrer. 

Pensem que eu tinha CINCO horas de espera até embarcar no próximo vôo onde consegui me enfiar e diante da intervenção divina que é a existência daquela bagaça lá - a Giovanna -, nem titubeei. Atravessei a rua, apossei-me de uma mesa, abri meu livro e mandei descer coxinha com catupiry. Nonstop. Ocupar o tempo e tal.

Movimento ninja devidamente executado, até enxerguei de maneira mais otimista meu triste futuro.

Má foi o tempo de eu PENSAR em abrir meu belo book e tentar dar a primeira abocanhada javalinesca na  coxinha #1 e tcharã:

Groselino de plantão. 


Ali, bem do meu lado, com tempo livre no sul da Bahia. Imaginem o potencial deste senhor. A figura encostou no balcão do quiosque e decidiu que aquele era o momento ideal para começar uma conversa estapafúrdia com a desaventurada criatura que ocupava o espaço cumprindo seu horário comercial no referido estabelecimento.

Em uma palavra: monólogo. Em duas: monólogo desembestado. A pobre garota da Giovanna nem "sim" ou "não" fazia com a cabeça enquanto mergulhava toda sorte de empanados recheados em óleo fervente. Ela estava desesperada, pedindo socorro para o cosmos ou qualquer outra parada que pudesse salvá-la. E o Grosa na seguinte falação louca sem pausa nem respiro:

"Olhe, ontem eu comecei a me sentir mal, muito mal, tive uma sensação de morte e achei que fosse morrer. Achei mesmo. Pensei em ir pra Santa Casa, mas deitei e parei de achar que estava RUI, na verdade, eu estava bom, mas é que eu tinha uma SINUZISSE.....aquela dor na cara.....Você sabe? Não? Daí eu me dano, porque eu também não sei. [DESISTI DO LIVRO, MATEI A COXINHA, PEDI OUTRA PRA OUVINTE QUE NÃO TINHA PARA ONDE CORRER]  E esse que é o problema, porque o vizinho do cunhado da garota que fica de favor lá na casa do meu tio, ela atende telefone e anota recado, sabe? Não o vizinho, a garota que fica de favor lá na casa do meu tio. Mas o vizinho do cunhado dela disse que eu tinha que tomar um remédio e eu esqueci o nome do remédio que ele me disse [NOVA COXINHA EM MÃOS]. Então eu tomei uma ASPIRONA mesmo, porque na televisão tem uma mulher que fala que é pra todas as dores, não só dor de cabeça. Mas a minha dor era na cabeça, daí eu achei que não tinha problema não. Tomei a ASPIRONA e deitei, mas não melhorava não [SEGUNDA COXINHA: DONE]. Aquilo me deu uma irritação e eu fui pra rua e o que curou minha SINUZISSE foi mesmo é cinco lata de Skol. Melhorou na hora, mas no que melhorou, piorou. Tive uma sensação de morte pior do que a primeira vez. Naquela hora era morte mesmo, morte de caixão [MANDA OUTRA COXINHA, FODA-SE O MUNDO, O QUE ESSE CARA TÁ FALANDO?]. Olha, fui pra casa, vi um filme na SKAU e hoje eu to novo. Nem parece que eu ia morrer, passou a sensação de morte. Tem que ter SKAU, quando dá esses problemas, só assim melhora. A gente acalma, televisão é muito bom pros nervo. Acalma." 


QUEM. PERGUNTOU. MANO. 


SENSAÇÃO DE MORTE.

SINUZISSE.

ASPIRONA.

SKAU.

Desnecessário comentar que neste momento eu já não tinha mais vontade de viver e decidi levantar da minha mesa para buscar um lugar/buraco/jaula que garantisse isolamento contra espécies como a recém citada. Abro minha bolsa pra pagar as coxa e dou de cara com um pacote. 

Conteúdo: dois Kibes do Neres

GPS: Neres-Beira do Rio-Caraíva-Porto Seguro-Bahia-Brasil-Third Rock from the Sun. 

Bem, quem nunca foi à Caraíva dificilmente entenderá o que tais kibes significam, mas posso adiantar que a palavra de ordem da cidade neste verão foi "AnarKibe". Tirem suas próprias conclusões. E não, não sei como foram parar dentro da minha bolsa. Tenho até um certo medo de saber, mas enfim.

TRÊS horas depois, embarquei e deu-se aquela sequência de fatos já descrita anteriormente cujo ápice foi o despertar de minha segunda personalidade - Mallory Knox - que tem como único objetivo caçar aquele rapaz imbecil, o motorista debilóide que desencadeou essa porra toda.

Pensei em pagar o orador desenfreado do balcão para marcar uma viagem com ele. Falando. De um ponto a outro. Pensar num roteiro aqui.


Que fase.

2 comentários:

Alice disse...

A morte pra esse cidadão é pouco.É confortável.

Pra ele faz sentido uma história que minha mamis conta da falecida vó: tenha SEMPRE uma água fervendo no fogão. Deu confusão? Atira dentro do ouvido do fulano.


Matraquero dos infernos.

Paulinas disse...

Água fervente no fogão - anotado. Excelente.