Porque as bizarrices cotidianas devem ser comentadas

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Sobre aqueles que protestam

Para quem não sabe, minha opinião sobre pessoas que "protestam" é a seguinte:

- Vá arranjar alguma coisa, QUALQUER outra coisa para fazer, infeliz. Apenas não me atrapalhe, cornudo. Não interrompa o trânsito de automóveis em vias como as avenidas Paulista e Consolação, não transforme o Vale do Anhagabaú em uma micareta de sindicato, NÃO subam naqueles carros de som mal equipados para berrar palavras de ordem incompreensíveis, já que UM pobretauro urrando diante de um microfone que possui UM amplificador para propagar o furdunço não é eficiente. Se faz barulho? Sim. Alguém consegue entender o que berra-se ali do alto? Duvido.

Tá. É mais ou menos isso que penso sobre manifestações. Meu trauma vem dos muitos anos em que trabalhei ali na Rua Maria Antônia, quase esquina com a merda da Consolação. Três vezes por semana, pelo menos, algum grupo de desocupados pegava a Paulista (berrando), descia a Consolação (berrando), fazia a volta no Centro (urrando) e voltava para o ponto de origem novamente via Consolação (berrando). Perdi as contas de quantas vezes fiquei presa naquele prédio, sem poder comparecer a reuniões, sem chances de almoçar em algum outro local que não fosse aquela praça de alimentação infecta localizada em frente ao Mackenzie, sem poder voltar para casa - a parte grave gravíssima da situação.

Apesar de odiar todas essas pessoas manifestantes, minha inteligência consegue compreender que eles estão lá, fazendo papel de palhaço e atrapalhando a vida de metade da cidade de São Paulo pois estão reivindicando algo palpável como aumento de salário, modificação em jornada de trabalho, um puteiro melhor para que suas respectivas mães exerçam o meretrício com mais conforto, enfim, a babaquice toda tem uma nesga de fundamento. Continuo sendo contra e se oportunidade houver, passarei com meu carro sobre piqueteiros ainda nesta vida. É um objetivo.

Agora, eis o que me aconteceu hoje: Estava eu, em minha empresa (sim, aquela de São Caetano do Sul), finalizando meu dia de extenuante trabalho e planejando mentalmente minha volta para São Paulo. Na teoria, eu voltaria para minha casa e após correr desembestadamente sobre a esteira, compensaria tal delírio com uma ida ao bar. Tomaria 120 chopps ou 67 doses de whisky - isso seria decidido na hora - e retornaria para o lar sem registros de nada importante em minha mente. Esta voltaria a funcionar apenas amanhã, após às 11h00.

Ao levantar de minha cadeira e mirar o estacionamento, irmã telefona com a notícia de que a saída de São Caetano está fechada pois há uma manifestação na favela. Por "manifestação na favela" entendam bombas caseiras explodindo sobre tudo e todos, automóveis e ônibus incendiados, torres de pneus em chamas fechando as vias, tropa de choque atirando aleatoriamente e - a melhor parte - os extras.

Chamo de "extras" aquela gutchada que, ao avistar a câmera da Band ignora a guerra que ocorre ali em frente ao seu barraco e sai de casa com a prima, a cunhada, a colega e a criança para chorar diante das lentes. A nega está cagando para o confronto armado. Ou vocês acham que ela vai perder a chance de aparecer no Datena? Se por azar não morrer, amanhã será famosa, a gostosona de Heliópolis. Ela merece, afinal de contas, chorou, gritou, falou que tudo o que eles querem é paz, expôs a criança, tinha ranho escorrendo pelo nariz..................gente, reconheçam o esforço de Desnaílva, por favor.

Motivo da performance visigoda apresentada pelos habitantes de Heliópolis: Ontem, uma garota de 17 anos tomou um tiro e morreu. Sim. Já morreu. Será que eles descobriram que este comportamento Bangu I é o mais novo método para ressucitar gente morta? Porque, quebrar tudo, matar mais alguns seres, incendiar o carro alheio, tacar fogo nas próprias casas e fuder com a vida de que quer ir para casa depois de passar o dia aturando aquelas graças dos meus clientes, definitivamente não me soa como protesto. Na minha terra costumamos chamar tais atos de vandalismo puro e verdadeiro. Combinado com descomunal idiotice.

Fiquei extremamente irritada porque essa gente acabou com o meu timing. Tanto que NÃO estou no bar consumindo álcool como havia planejado anteriormente.

De resto..........matem-se. Para mim isso é seleção natural.

3 comentários:

Bizarro disse...

Fiz faculdade no Mackenzie, e milhões de vezes precisei comer naquela praça de alimentação pútrida. Até descobrir a padaria do Benjamim Abrahão, maravilha localizada a 3 quarteirões de lá.

Ian Marlon disse...

todo ódio no seu coração me comoveu, preciso de mais textos do tipo "desabafo contra o mundo escroto"

e no mais, creio plenamente nesse lance de seleção natural .... bobeou, dançou!

Paulinas disse...

Desabafo contra o mundo escroto: é aqui mesmo.