Para a grande parcela dos seres humanos que tendem fortemente a me classificar como alguém desprovida da capacidade de praticar atos de caridade, que não se importa com a condição dos menos favorecidos, faz chacota de situações onde o correto seria demonstrar compaixão, enfim, àqueles que, devido ao meu comportamento e comentários isolados acham que eu sou malvada e sirvo criancinhas com batatas sauté no almoço de Domingo, esclareço que não, não sou a Maria de Fátima Acioly e, se estiver ao meu alcance, o amor ao próximo será, de bom grado, exercitado. Tá, há algumas ressalvas aí, mas isso não vem ao caso agora. Destruiria meu discurso inicial.
Não sou a Zilda Arns, mas faço questão de enviar roupas e cobertores durante campanhas do agasalho, compro balinhas de crianças que passam a madrugada na rua sem poder voltar para casa sem dinheiro, levo sanduíches com milk shakes para famílias que vivem sob viadutos, envio doações para instituições como a Casa André Luiz, tenho dois "afilhados" em Paraisópolis para os quais mando kits com itens necessários para higiene e estudo - no Natal eles recebem uma cesta cheia de presentes que são entregues por Papai Noel em pessoa, ou seja, sou normal.
Tento executar um ato(zinho) de bondade(zinha) sempre que possível não por me sentir obrigada - já que diante da população carente estou em uma "posição privilegiada" - nem por culpa de nada, muito menos para tentar compensar meu lado negro (tá bom, tá bom........). Faço porque quero e não vejo nisso uma missão para a vida. Aliás, nunca escondi que minha prioridade são os cachorros, sim? Entre uma criança abandonada e um cãozinho idem............bem, não vou dizer nada. É por isso que alguns me consideram um ser desalmado e repreensível. Bah, não entrarei nesse mérito, dane-se quem não concordar.
O ponto é que em São Caetano - onde mais poderia ser? onde?, onde? - há um tiozinho retardadinho que há anos aparece na minha empresa vendendo sacos de lixo. Ele entra e diz:
"Bom dia, mooooooçaaaaaa! Vai comprar um saquinho de lixo pra me ajudaaaaaarrrr?"
Bem, a parada do tio custa 25 reau. Trata-se de um pacotinho com 10 sacos de lixo. Todo mundo sabe por quanto o referido produto sai nos pontos de venda oficiais, não? Empórios Santa Maria e Santa Luzia inclusos na lista.
SEMPRE comprei a porreta do saco de lixo do tio bobinho. "Tadinho, não custa ajudar, ele tem problema..." era o que todos comentavam enquanto aplaudiam minha atitude.
Em um belíssimo dia, fiz uma encomenda emergencial a um fornecedor secundário que sempre me salva a vida quando acontecem cagadas geradas por falhas no controle de estoque. Como o cara foi ninja e me entregou tudo o que eu precisava no prazo, paguei o material com o dinheiro que tinha disponível até aquele momento dentro da empresa. Inclusive é por isso que ele me entrega sempre tudo na hora.
Eis que, 10 segundos depois..........
"Bom dia, mooooooçaaaaaa! Vai comprar um saquinho de lixo pra me ajudaaaaaarrrr?"
Respondi: "não meu querido, hoje não estou precisando. Semana que vem eu compro, tá?". Sorrindo meigamente pro figura feito uma tonta. O que veio depois?
"Sua filha da puta, você é uma puta, enfia esse dinheiro no c*, vá se fo***, sua puta!"
E saiu andando, sem demonstrar nenhum dos sinais de retardamento mental que me fizeram gastar um montante que beira os 2 milhões de dólares durante todos esses anos.
Amadureci e hoje sou assumidamente má e alienada. Odete Roitman sabe tudo. Bando.
Porque as bizarrices cotidianas devem ser comentadas
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário