Porque as bizarrices cotidianas devem ser comentadas

sábado, 30 de maio de 2009

Máximas - Um diálogo produtivo

Uma pessoa prejudicada mentalmente sempre agirá como tal. A prova concreta que tenho disso é meu amigo Preto em ação.

Preto é aquele sujeito simpático que certa vez perguntou ao futuro marido ruivo de uma fulana se os pelos do saco dele também eram laranjas. Durante uma festa de casamento. Não, eles não se conheciam.

Pois bem. Preto acaba de me chamar no messenger. Eis a nossa conversa:

"Pauleta.....tá aí?"

"Tô"

"Porra, to fudido aqui.....preciso de um favorzão seu"

"Manda" [em pânico, pensando em o que poderia estar afligindo este ser e que eu precisasse solucionar agora, à uma da manhã]

"Vc tem o número do meu celular?"

"Errrrrrrrr......tenho, LÓGICO" [nós nos comunicamos constantemente via telefone celular. Parece que o menino não tem registros desse fato]

"Puta, não acredito!!! Me passa?"

"234-5678. Por qual razão vc quer mesmo seu próprio número de telefone?"

"Obrigado, i love you!"

"Tá, tá, me too, mas pq vc me pediu isso?"

Não obtive resposta. Agora ele está offline e nunca desvendarei esse mistério. Assim são meus amigos.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Frittata básica

Moço atrás do balcão da padoca master blaster plus, quase uma Barcelona aqui de São Caetano, prepara um omelete para mim. Enquanto bate os ovos com os ingredientes que compõem o recheio da delícia ouve:

"Mais queijo moço. Isso, mais. Mais, mais........mais presunto, mais presunto. Mais uma. Bacon, moço. Mais bacon. É, faz uma mãozada e joga dentro. Isso. Cadê o tomate? Claro que quero tomate, você faz omelete sem tomate? Não, moço! Tem que ter tomate em cubinhos. Pode por esse aí. Quanto? Ah, pode ser inteiro mesmo. Bom, bom. Agora orégano, muito orégano. Mais orégano, moço, mais orégano. Isso. E a cebola? O quê? Já pôs cebola? Eu não vi não, moço. Vai, coloca de novo. Acho que você tá me enganando, moço. O que é aquilo ali atrás, moço? Lombinho defumado? Ahn, moço, mas eu adoro lombinho defumado. Pode colocar? Eba, meu omelete terá lombinho defumado dentro! Mais um pouco moço. Pára de rir da minha cara moço, quanto mais gororobento melhor fica. Aquele treco ali é cheddar? Coloca um pouco também, moço. Isso. Dois jatos de cheddar. Agora vai ficar bom, moço....."

Penso que acabo de conseguir um odiador no mundo. A partir de hoje haverá uma foto minha pendurada na porta do estabelecimento proibindo permanentemente minha entrada.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Antes fossem fantasmas

Olha o que eu descobri: há muitos e muitos anos, em uma noite de lua cheia, uma bruxa malvada com uma verruga enorme no nariz cozinhava línguas de besouro em uma poção quando um raio caiu sobre ela e fez talhar o caldo. Ela ficou puta, jogou uma maldição naquela porra de clareira e saiu voando em sua vassoura por sobre a floresta.

Séculos depois, veio um moço e construiu uma bela casa exatamente ali sobre o lugar onde a bruxa tomou a raiada e errou a receita. Adivinhem quem mora nessa casa? Oeeeeeeeee!

Não há dados oficiais sobre o teor da praga que foi jogada aqui, mas valho-me de minha experiência para afirmar que envolve gente idiota e proximidade.

Muito já se falou aqui sobre quão graciosos são meus vizinhos. Não, não me refiro apenas às duas casas que fazem fronteira com a minha, mas ao quarteirão inteiro. Em comum, possuem o gosto por obras. Não uma reforminha aqui, uma pinturinha ali, um jardinzinho novo, quem sabe. Eles gostam de pegar as próprias casas, colocar abaixo e construí-las novamente. Seria mais fácil atear fogo a elas. Como essas pessoas MORAM nessas casas, o processo necessita agilidade. Para que tudo aconteça de acordo com a programação, uma média de 354 pedreiros compoem o staff de cada uma das obras que acontecem aqui.

O mais novo reformador de casas de Moema conta com uma equipe cujos trabalhadores adquiriram o péssimo hábito de latir toda vez que um dos meus cães é avistado. Sim, eles latem, mas não como se fosse uma simples imitação "Au Au Au!". É um modelo de latido mais "Woof Woof!" e tomei um puta susto quando ouvi pela primeira vez, pois achei que havia um outro cachorro que não um dos meus em meu quintal. Imaginem como ficam calmos meus dogs ouvindo este bando de corno latindo de cima do telhado.

Este lado espirituoso já bastaria para me fazer querer empalar cada um dos retardados além muro, mas a coisa ainda piora. Eles ouvem música. No volume 52. Em um equipamento de som que distorce tudo. Que tipo de música? Tupi FM. Sintonizem em seus dials e tenham uma vaga idéia de meu sofrimento. Importante lembrar que a berraria começa diariamente com a obra, ou seja, às 6. Na minha janela. Cachorros latindo. E o sertanejo rolando. Alguém sabe fabricar bombas?

Ah! Como eu concluí que há uma bruxa envolvida? Ora, essa é facil! Ela mora aqui ao lado!

Prova número um

Prova número dois

Prova número três

segunda-feira, 11 de maio de 2009

O Juri

Essa é uma velha história, mas como desenterrei o assunto recentemente, aí vai:


Para quem não sabe, sou uma pessoa carnavalesca, empolgada e assídua frequentadora das festividades cariocas que marcam a data. Passo o carnaval no Rio de Janeiro há mais de 15 anos e sempre participei de quase todo tipo de esbórnia que viesse a ocorrer entre a sexta-feira inicial e o sábado da semana seguinte: ia aos blocos de rua, aos camarotes do sambódromo, à Feijoada do Amaral.......e aos bailes. Sim, não nego que integrei o público dos salões cariocas por vezes seguidas. Coisa phyna. Confesso que hoje sou mais contida e restrinjo-me a comparecer ao camarote da Brahma durante os três dias de desfile na Sapucaí, mas isso não vem ao caso.


Em todos esses anos, deixei de desfrutar o carnaval no Rio de Janeiro em apenas uma ocasião. Foi quando decidi ir para Salvador com o Muso e me transformei em uma pessoa desgovernada que atravessava o circuito Barra-Ondina de um camarote para outro em meio à pipoca, dava bola para Filhos de Gandhi em geral, tinha seu amigo inteiro pintado de Olodum, fez amizade com o Jacques Wagner ("goverrrrrnadooorrrrrr, vamoxxxx tirar umazzz fotozzz ali com a Pretahhh?") e, por fim, voltava a seu belo hotel completamente enlameada.


Mas isso também não importa.


Quero dizer que sou um ser atuante no carnaval carioca. Já fui entrevistada pela Rogéria no Scala, por exemplo. Conheço os seguranças da LIESA. Já cumprimentei Ronaldo no camarote, certa de que era alguém conhecido de quem não me lembrava no momento:


"Oiiii tudo bem?? Smack Smack!". E o cara, me olhando sem saber quem era aquela estúpida desorientada plantada à sua frente. Ele tinha na cabeça um turbante que compunha uma das fantasias da Mangueira. Claro que alguém passou pela avenida e atirou o treco para ele durante o desfile. E eu: "Saiu na Mangueira? Que bacana!". Ele: "Errrrrrrrr......não.....". Eu: "Tchau! Até mais!" - palhaça. O que me consola é que minha certeza de que ele era um nerd cujo nome e procedência eu não recordava foi absoluta naquele momento.


Já fui obrigada a fazer um check-in em Congonhas com a bateria so Salgueiro e 10 mulatas sambando no guichê da TAM. A moça do guichê dizia: "SEU DOCUMENTOOOO POR FAVOOOORRRR!". E eu respondia: "HEEEEEIIIINNNNN?". E o Salgueiro ali ao lado: "TUM CHIC TUM CHIC TUM TUM TUM!"


Falando em Salgueiro, foi durante um desfile da escola que iniciei uma linda amizade com.........o Belo. Amizade que se iniciou e terminou dentro do perímetro da marquês de Sapucaí, que fique claro. Já fui obrigada a fazer pipi na concentração pagando 2 real para que um fulano fizesse uma cabaninha tendo como base seu Fiat 147 e um pedaço suspeitíssimo de um plástico preto. E sua cara lá, de fora da cabana, pra todo mundo ver a otária. Sem contar quantas vezes invadi a pista e fui atrás da campeã. Naquele bonito estado em que as pessoas se encontram após uma semana praticando carnaval.


Bem, sobre os bailes, outra observação que me vem à mente está relacionada ao tradicional Baile das Panteras. Metropolitan - que hoje é um daqueles "Alguma Coisa Hall" - lotado. A putada reunida, Miele sobre o palco cumprindo seu papel de mestre de cerimônia. Eu e os meus devidamente instalados em um confortável camarote, isolados das pessoas nuas que enchiam o grande salão.


[Fecha na Prochaskaaaa!]


Foi quando teve início a movimentação em torno do concurso que elegeria a Pantera do ano. Miele convocava, um a um, os jurados da crucial eleição. Quando terminou de chamar pelos nomes, concluiu-se que dois membros do juri estavam ausentes. Talvez bêbados, jogados em algum canto do salão. Enquanto o apresentador pensava em uma solução, a assistente de palco apontou nosso camarote. Exatamente ao meu lado, plantava-se um grande amigo, companheiro de presepadas cujo nome não citarei por atualmente se tratar de um senhor casado e pai de família, mas que na época era o maior bon vivant do Brasil e tinha como único objetivo quebrar seus próprios recordes de badalação.


Por se tratar de uma conhecida figura, Miele optou por chamá-lo ao palco. Como a outra vaga ainda estava desocupada......lá que fui parar. Em um piscar de olhos estava ao lado do amigo presepada levando um lero como Miele sobre o palco do Baile das Panteras de 1995. Incrivel a capacidade do ser humano em se adaptar à situações não convencionais. Em menos de 20 segundos com a buzanfa sentada ali, já julgava com propriedade cada baranga que se apresentava fantasiada de onça. Apesar de decidir por dar nota 10 a todas, fiz isso muito conscientemente, afinal de contas, trata-se de um evento que revelou ao mundo nomes importantes como Regininha Poltergeist, por exemplo.

Foi o que eu disse: tive a oportunidade de fazer parte de uma atividade quase cultural. Tradição é a palavra. Finesse é o mote.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Meus incríveis clientes

Como é de conhecimento de quase todos os seres que habitam o planeta, minha loja funciona dentro de sua própria fábrica. Fábrica esta que produz, ininterruptamente, dois lotes distintos de mercadoria: um que é distribuído diretamente via atacado para outros lojistas e aquele destinado para seu próprio varejo - a loja.

A criação da referida loja veio da necessidade de dar fim nas naturais sobras de mercadoria da fábrica. Por exemplo: cliente Sezefredo encomendava uma grade de camisas, mas a quantidade de tecido cortado era suficiente para confeccionar duas peças a mais. Sezefredo não queria nem saber, pois seu pedido não poderia ser modificado senão seu pipi cairia, e acontecia que aquelas duas peças sobressalentes passavam a habitar nosso estoque.

Como o objetivo da minha clientela, desde os idos anos sempre foi "vamos f&%*r a Paula", desnecessário comentar que o caso supra citado ocorria em 90% dos pedidos.

Hoje a loja tem coleção própria e, como já disse, uma parte da produção destinada exclusivamente para ela. Mas, como no início, o que sobra em estoque na fábrica, continua sendo vendido ali. Esta mercadoria entra no saldão, ou seja: montamos araras de promoção com preços que variam entre R$ 5,00 e R$ 20,00. Tá bom, né? Baratinho, não?

NÃO.

Hoje peguei a seguinte conversa entre o puto do cliente e o pobre do vendedor:

Puto: "Essa camisa aqui está com este preço mesmo?"

Pobre Vendedor: "É sim, senhor. Cinco reais."

Puto: "Porquê esse preço? Tem defeito?"

Pobre Vendedor: "Não, senhor. São peças sem grade, sem numeração completa, que não fazem parte de nossa coleção, mas são produzidas aqui mesmo e..."

Puto: "Vou levar. Mas me diga......qual é o menor preço que você pode me fazer aqui?"

Pobre Vendedor: "Ãããããããããããããããã.........esta é uma peça de promoção, senhor. Está saíndo por cinco reais [CINCO REAIS, POOORRA] e não há como....."

Puto: "Vamos, eu sei que vocês fazem desconto para pagamento à vista. Quanto sai esta peça se eu pagar em dinheiro?"

Pobre Vendedor: "Sim, senhor. Mas foi o que eu acabei de lhe explicar.....essas são peças que já estão em promoção.....estão saindo por cinco reais...."

Puto: "Tá bom. Então não vou levar. Se o preço estivesse mais camarada valeria a pena....."

Estou organizando uma excursão chamada "Um Dia na Loja". Vocês terão a oportunidade de conhecer e até interagir com estas criaturas exóticas. É uma experiência única, eu garanto. Os interessados podem fazer as reservas na secretaria do hospício, ou seja, aqui.

É ou não é para me fuder?

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Rebelde

A pessoa nunca foi santa, mas era capaz de se controlar. Nunca se alimentou de broto de bambu, semente de mamão, mas havia consciência habitando seu ser. Sempre teve em seu poder o telefone de delivery do El Kabong e semelhantes - e sempre os utilizou com certa moderação.

Era uma pessoa que, mesmo amarrada e arrastada à força, comparecia a seu compromisso diário com o maldoso professor que controlava seu treino na academia que frequentava. Ela treinava para maratonas e se esforçava nos exercícios com pesos. Em suma: sua alma era junkie mas havia lá a intenção em contornar este destino. E era dotada de um raro predicado, a vergonha na cara. Sim, ela realmente tinha vergonha naquela cara de pau.

Hoje ela está mudada. Sua vida é inteiramente dedicada a consumir itens gordurosos com a bunda fincada em alguma superfície macia. Há variações. É possível que ela saia de um estádio após assistir à final do campeonato estadual de futebol, entre na padaria Barcelona e se interesse por uma Torta Oreo exposta na vitrine de doces. Claro que isso não seria grave se o chopp do título no restaurante ao lado não estivesse ocupando o posto de primeira opção. Sim, ela tinha o chopp. Mas pensou na torta.

Tentativas de reverter tal quadro não foram registradas até o momento. E a pessoa permanece lá, comendo Pic Burgeres e reclamando da buzanfa; Consumindo Ribs on the barbie e notando a presença de um panceps antes inexistente; Pedindo por Polpettones com Nhoque e notando suas bochechas corarem.

A vergonha na cara? Provavelmente era de cor verde. Um burro passou, achou que era grama e comeu. Não há mais vergonha na cara.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Salve o Corinthians Campeão

Após uma semana aturando a gripe assassina que me atacou - no meu caso, poderíamos classificá-la como 'gripe cetácea' - decidi arriscar minha saúde e bem-estar e compareci ao Pacaembu para ver meu belo time campeão. Foi uma beleza. Só quem é corintiano sabe!





Assisti metade do jogo com a fuça colada no alambrado e havia um certo Osama Bin Laden do Corinthians ali nas redondezas. Pena que não consegui uma foto, foi bizarro e valeria a pena.


No segundo tempo arrumei um lugar bacaninha bem ali de frente para o gol do pobre Fabio Costa, onde o Corinthians atacaria. Essa mudança veio a calhar, pois ao meu lado no alambrado estava o único garoto fino do estádio. Me pareceu que ele estava um tanto chocado com as expressões chulas por mim proferidas. Enquanto eu gritava "ei juiz vai tomar no c*!", ele berrava: "seu idiota!". Enquanto eu comentava com Patsy: "f**eu!", ele dizia: "que droooga!". Eu: "vi**o c**ão!". Ele: "Presta atenção seu retardado!". Eu: "filho da p**a!". Ele: "vamos! vamos!". Foi mau, hein menino fino e louro?


Da próxima vez me esforçarei no método que usa "descendenteeee de praticanteeeee do meretríciooo!" - para se refereir ao bandeira ou qualquer outro elemento que cause transtornos em campo. Prometo.






O evento como um todo foi calmo, se compararmos o comportamento da torcida durante o jogo de hoje com o padrão já adotado. Claro que não estamos levando em conta o ser humano que invadiu o campo para dar um oi para nosso górdo nem o incêndio que atingiu nosso gato capitão.



Ó o maluco invasor aí



We won!



Valeu ;) !