Porque as bizarrices cotidianas devem ser comentadas

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Telefone celular - a saga continua

Estou há horas tentando compreender este tipo de ladrão que me persegue. Que coisa mais chinfrin, povo, nem pra ser roubada eu presto. Estou deprimida e procurando alguém para me assaltar direito, com vontade e dedicação.

Ontem um corno aidético cuja mãe é puta e o pai é brocha roubou meu celular. Estaria tudo bem se a sequência dos acontecimentos não caracterizasse um roubo de celular típico da minha pessoa, digno desta pobre filha de papai noel.

O celular sumiu. Uma hora depois o celular apareceu. Sem o chip.

SEM O CHIP

Esses caras devem estar montando um celular aos poucos, porque num dia me roubam a bateria, no outro a tampa e agora o chip. Não sei o que esse povo tem contra mim e meu celular, mas já estou começando a me sentir rejeitada. LEVA A BOSTA DO CELULAR DE UMA VEZ, CARAMBA. De pensar que eu comemorei quando me roubaram a tampa e deixaram o chip. Rá. Era apenas uma questão de tempo.

Agora tenho que ir a uma caralha de uma loja Claro comprar um novo chip. O importante é ter saúde.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Um dia na montanha

Pessoa vai para Portillo e no primeiro dia de trabalhos nas pistas decide que aquela coisa para iniciantes é toda muito tediosa. Faz amizade com uma instrutora suíça alcoólatra e se mete na pista preta. ROLA MORRO ABAIXO e chega no pé do monte toda estropiada.

Não se dá por vencida, afinal de contas não foi até lá para cultivar hematomas. Senta no bar, pede pra bater uma garrafa de whisky com tilex e tandrilax no liquidificador e entorna o conteúdo da jarra. Passa na farmácia e compra um tubo de bepantol. Para as escoriações.

Por não ter morrido na queda, vira lenda. Fica conhecida no hotel como "Habitación 332".

Já no quarto, torta pelo conjunto da obra, inicia o processo de toilette e ESCOVA OS DENTES COM BEPANTOL. Ouve um suave barulho de correnteza e constata que sua roommate faz xixi na calça de tanto rir.

Pelo menos ela tem uma foto com o São Bernardo do resgate.

FIM.

A vida imita a arte. Ou vice versa

"E aí hein? E essa morte da Norma?"

"Peraí...a Norma morreu?"

"Morreu, menina, você não viu não?"

"Não!"

"É, agora a coisa pega fogo...."

"MORREU????"

"Foi! Não acredito que você não viu."

"QUANDO????"

"Ontem, ué."

"Meu Deus, de quê? Como?"

"Assasinada, menina."

"ASSASSINADA!?!?!"

"Pois é..."

"POR QUEM? QUEM FOI? MEU DEUS!"

"Ah, isso ninguém sabe, mas o fim dela era esse mesmo, né..."

"POR QUE O FIM DELA ERA ESSE? COMO NÃO SABEM?"

"Ih, relaxa que na sexta a gente descobre."

"Na sexta? Porque? Meu Deus, justo a Norminha, tão gente boa, super querida, todo mundo gostava dela, COMO ASSIM, matam a Norminha e ninguém sabe, só na sexta, era o fim dela??"

"Norminha? Tá intima!" [risos]

"A Norminha é minha amiga!"

"Pera, de quem você tá falando?"

"Da Norminha, professora de peteca...."

"EU TO FALANDO DA NORMA DA NOVELA, SUA LOUCA, A GLORIA PIRES!!!"

Cena real ocorrida no Posto 10, e eu quero que vocês adivinhem de quem é a amiga que achou que a Norma assassinada na semana final de Insensato Coração era a professora de peteca e não a Gloria Pires. De quem?

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

São Co-Piloto da Gol

Hoje entrei na sala de embarque à qual fui designada no Galeão e logo concluí que o nipe dos seres que embarcariam comigo indicava que a aeronave fazia parte do programa brasileiro de seleção natural. Deixaria ali o meu adeus.

O primeiro grupo que avistei era composto por seres eletrocutados "Neymar Jr. style" que batucavam, cantavam e berravam e jogavam seus iPhones uns nos outros, aquela maravilha que vocês podem imaginar. Não perguntem minha opinião sobre inclusão social. Tenho para mim que ocorreu um erro na hora do check in, já que todos eles deveriam ter sido despachados em caixas específicas para transporte, mas o que vale minha opinião, né? NADA. Quem sou eu, além de uma migalha no universo? Moicanos brasileiros, bah.

À minha frente havia um senhor, uma senhora, ou o que quer que fosse aquilo, um exemplar clássico do "pegou fogo e apagaram com o martelo". Vamos imaginar que era um senhor, já que levantou sobrancelha, lambeu a boca e piscou pra mim. Com um cabelo igual a uma peruca de Eduardo Dusek em 1985, pensem. Em uma palavra, desgosto; em duas, desgosto profundo.

Logo ao lado, a pessoa que se debruçava sobre meu ombro para tentar ler o que estava na tela do BlackBerry trajava uma camisa do Tabajara F.C. Seguindo a tendência dos gramados ele também ostentava um modelo capilar exótico, mas com uma inspiração mais Biro-Biro oitentista, digamos assim. Para ser bem clara, o cabelo do palhaço era um arbusto em coque alto. Vá tomar no cu. Diante do que eu gasto mensalmente no Proença uma cena como essa é uma ofensa pessoal. Tomara que esse cara decida acender um cigarro no fogão e esse xaxim pegue fogo. Daí alguém salvará sua vida apagando o incêndio com um martelo e ele ficará com a cara e o cabelo de peruca do Eduardo Dusek do senhor supra citado. O do "desgosto profundo". Oras.

Ali adiante um crazy vestindo calças e sapatos sociais, gravata e uma JAQUETA DE ONÇA. Me apoiei na possibilidade de ser aposta ou algo do gênero.

Pessoa disfarçada de entidade - inteira de branco, inspiração: Nizan - calçando galochas Burberry's, um cigarro atrás de cada orelha. Mochila felpuda do Barney. Sim, Barney, aquele dinossauro roxo. Essa daí só faltou ser sugada pela luminosidade de uma nave espacial, na boa.

Isso porque estamos falando apenas dos highlights, vocês entendem.

De repente o crew começa a se aproximar e tudo o que eu tenho a dizer é que todos eles estavam maquiados como a Nina Hagen e sua banda. Nunca vi algo semelhante, aquilo dá ataque epilético numa pessoa.


"Favor retornar o encosto de sua poltrona para a posição vertical"

A primeira coisa que me ocorreu foi: "legal, as aeromoças são cegas. E os comissários resolveram sacaneá-las. No próximo vôo estarão com bigodes e óculos pintados na cara."

Foi nesse momento que meu telefone tocou e era um aviso de São Paulo: se eu estivesse em vestimentas muito primaveris, passaria frio. A temperatura havia caido 200 graus na cidade. E eu lá, embarcando de camisetinha e sapatilha, só com a pashmina para o ar condicionado do avião.

MAS GENTE

Foi o que expliquei para meu interlocutor, o discurso inicial: o fato de estar frio em São Paulo não é preocupante. Preocupante é você estar entrando no vôo da seleção natural. Porque eu, se fosse Deus, não teria dúvidas. Aquele avião estava pronto para ser derrubado, Brasil. Não tinha motivos para não fazê-lo.

Era como uma Arca de Noé, só que ao contrário.

Tive certeza de que estava fodida mesmo quando o Kiekeylson acomodou-se na poltrona 8C ao lado da minha 8A e a 8B veio vazia entre nós.

A questão é que fomos salvos e eu creio piamente no co-piloto e sua pronúncia britânica cristalina. Alguém aqui já viu algum membro de tripulação brasileira conseguir pronunciar alguma palavra em inglês, mesmo que "cat" ou "dog"?

Pois bem: nosso co-piloto, ao dar as boas vindas na aterrisagem quase me causou um derrame emocional com seu british accent impecável. Me senti num avião pilotado pelo Michael Redgrave, queria comentar com alguém, mas como vocês sabem, só havia estranhos patológicos ao meu redor.

Não sei como funcionam as contas de milagres e salvações, mas tenho certeza absoluta que esse cara salvou almas hoje falando inglês corretamente em um avião brasileiro.

Se algum espertalhão tiver uma explicação melhor, por favor, manifeste-se.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Amigos do peito

Às vezes eu tenho a nítida impressão de que serei obrigada a me mudar de bar, uma vez que todos os malucos do Universo decidiram fincar acampamento na rua Fidalga, cada qual em sua mesa externa do Filial.

Estou lá eu cumprindo ordens médicas tranquilamente tomando um chopp na calçada, quando um elemento alteradíssimo aproxima-se de mim e me dá o "OI" mais feliz que já vi em toda minha vida. Respondi "oi", olhando para os lados, procurando o real destinatário de tão efusiva saudação.

Parece que tamanha felicidade era mesmo em me ver - vai entender - e o animado exemplar da raça humana não hesitou em prosseguir com a conversa:

"Nossa, né, quanto tempo.....e sua irmã, tá bem?"

Tá.....[QUEM é esse nego?]

"Seu irmão continua LÁ?"

Continua...[Senhor, quem é essa PESSOA?]

"Então vocês estão indo pra LÁ direto?"

É.........[São Longuinho, São Longuinho....]

"Seus pais tão bem?"

Tão.....[um nome, to pedindo UM nome, só isso]

"Estão LÁ ainda?"

Estão, pois é.....[vai Paula, junte o nariz, os olhos, o cabelo, forme as feições, LEMBRE-SE]

"Então LÁ tá tudo bem?"

Tá tudo ótimo.....[já sei, vou tirar uma foto dele, mandar por whatsapp pra Gabi e pro Dodô. Simulo um ataque de tosse enquanto a resposta sobre a identidade deste desgraçado não chega]

"Poxa, que bom te ver, fazia tanto tempo que não tinha notícias de vocês"

~~~LÁ~~~
Sacaram que LÁ pode ser qualquer porra de lugar do mundo, né pupilos. Normalmente, quando o FDP engloba minha família, LÁ é Ubatuba, Caraíva ou a Scarcelli"s Corporations logo, estamos acostumados a dar respostas evasivas sobre LÁ
*

Eu já estava quase pedindo uma tequila com a larva alucinógena para ver se a tradição asteca me auxiliaria abrir meus horizontes e me lembrar desse distinto quando um amigo dele aparece e tcharã:

"Duzão, essa aqui é a Lulu, filha daquele meu amigo tatuador, que mora em NYC..."

Traz a tequila com a larva alucinógena.

Medo. Muito medo.

BZIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII [tatuador húngaro zen-budista rabiscando meu antebraço a toda velocidade. Dó e piedade inexistentes. Faxineira cucaracha do studio adentra a sala montada em sua vassoura]

"Oye menina, a mi, usted me es muy parecida com la CLAUDIA RADJA"

A quem possa interessar: juro por Deus, eu não pareço a Claudia Raia. Nem em pensamento. Tem foto minha aqui na barra lateral do blog, por gentileza.

"La cara no es muy parecida, usted es más guapa que ella"

Bom. O que dizer sobre isso? BOM. Bom é um bom comentário, não?

"No mucho más, un poquito más guapa, pero no mucho más"

Sei.

"Pero la voz....la voz es igualzinha. La voz e las cotchas"

Las cotchas. Está decidido, vou me suicidar. Aceito sugestões de métodos limpos e eficazes. Pensei em Creolina com vodka e gelo, mas a caixa de comentários é toda de vocês.

"Sabes, esta parte de las piernas que vienem aqui para bajo e para cima subindo para la bunda? I-gual-sííí-nia la Claudia Radja"

Daí esses cara querem que a gente seja amigo desse povo latino americano.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Solucionando impasses

Cena: Guarujá, alto verão, camarote privativo da miguxa terrorista no Avelino's. Ela aproveitava a esbórnia litorânea com o namorado e alguns amigos e nem se surpreendeu quando um deles apareceu ali com uma fulana estranhíssima. A surpresa veio logo em seguida, quando a tal PESSOA a cutucou e iniciou o seguinte diálogo:

"Oi, você vai derrubar minha bolsa pra baixo."

"Não, não vou não."

"VAI SIM. Você não pára de se agarrar com esse cara e você vai derrubar minha bolsa para baixo"

"Olha, ~esse cara~ é o meu namorado e fica tranquila que este camarote me pertence há anos e eu nunca derrubei bolsa nenhuma para baixo."

"MINHA BOLSA VAI CAIR"

"Não vai, creyça. Eu mesma to cagando para a sua bolsa, mas note que a minha e todas as das MINHAS CONVIDADAS estão juntas e eu jamais derrubaria qualquer coisa que me pertencesse lá embaixo, vá se foder"

E foi. Quatro minutos depois, voltou:

"Vem cá minha filha, você conhece motel?"

"Por que você está me perguntando isso exatamente?"

"Porque, como eu já disse, você não pára de se atracar com esse cara e minha bolsa vai cair"

"Ah, sim. Qual é a sua bolsa?"

"É aquela preta ali"

Preciso dizer que a bolsa da sujeita foi devidamente arremessada no meio da pista de dança do Avelino's, com as 437 mil pessoas que ali estavam em pleno Janeiro? Logo após de ter sido aberta e virada de ponta cabeça para que todo seu conteúdo fosse espalhado pelo chão do local?

Não sabemos de fato quem é essa nega, mas tenho pra mim que ela continua chorando e na na fila para a emissão da segunda via de todos os 87654345678 documentos perdidos naquela ocasião.

Cenas de um Domingo quase pacato

Pensa num ser humano que, após mamar uma garrafa de Black Label no aniversário de domingo retrasado, aparece na nossa mesa com um potinho de sorvete na mão, absolutamente descabelado e o seguinte discurso:

"Cara, preciso de um doce, estou meio que morrendo".

Interessante comentar que ali no nosso grupo não havia ninguém morrendo, logo em nossa mesinha redonda tínhamos carpaccio, batatas fritas, molho pesto e um grande balde de cerveja que continuava sendo vorazmente consumido.

Bem, o manguaça senta em uma das cadeiras, bowl com sorvete na mão direita, recipiente com a calda de chocolate logo à esquerda. Não demos muita atenção porque ele estava transtornado num ponto que não permitia interação com os demais integrantes do grupo. Daí nossa animada conversa é interrompida por:

"Que BOSTA, esse sorvete tá uma merda".

Ele colocou o molho pesto no sorvete de baunilha e comeu. Deve ter achado o contraste do verde com o creme bonito e não teve dúvidas. Não, não conseguimos explicar o ocorrido, não naquele momento. E há quem duvide dos poderes cósmicos de um legítimo scotch, vai vendo.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Manifesto

São Paulo, 12 graus ao meio dia. De acordo com @danimrs, uma fonte mais do que fidedigna, fez QUATRO hoje pela manhã no Morumbi. Quer dizer.

Estou aqui apenas para dizer que sou tupiniquim e gosto de calor. Gosto de praia, de torrar o couro sob o sol, de fazer croquete na areia e dar cambota na arrebentação.

Gosto de andar de Havaianas pela rua e tomar cerveja escorada em mureta de boteco me abanando com meu leque. Ficar corada naturalmente e andar com o cabelo preso num corococó.

Tento ser clara, porque não está no gibi a quantidade de piqueteiros que, mesmo conhecendo minhas opiniões, sentam-se ao meu lado para enaltecer o frio polar e tentar uma lavagem cerebral.

Falando sucintamente: aceito baixas temperaturas em localidades situadas acima do Trópico de Câncer. Gstaad é um bom lugar para falarmos de frio. Passar frio em Pirapora não é europeu, é coisa de pobre.

Beijos.