Porque as bizarrices cotidianas devem ser comentadas

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Saraiva

Hoje foi feriado naquela maravilha de cidade onde estabeleci minha empresa - e para onde, consequentemente, me dirijo diariamente para exercer minhas funções remuneradas - e por conta desta graça divina tive a rara oportunidade de passar minha terça-feira em casa, bundando, sem executar nenhum movimento dotado de qualquer tipo de utilidade, achando incível olhar pela janela e ver aquele povo camelando pela Paulista enquanto eu estava aqui, apenas coçando o dedão do pé.

Foi quando iniciei uma pequena reflexão sobre o quão intolerante é a classe dos seres humanos à qual eu pertenço. Faço parte daquela parcela da espécie que desenvolve ódio profundo e absoluto por todas as pequenas coisas que a incomoda. É óbvio que o gatilho para tais pensamentos foi justamente o fato de estar desfrutando de paz, atmosfera rara no dia a dia de uma empresa abecedana.

Tais pequenas coisas manifestam-se em sistema cíclico, ou seja, o que me desperta o William Foster que habita meu íntimo hoje, pode vir a adormecer e dar lugar à outra imbecilidade qualquer que ative tal instinto assasino daqui a um curto espaço de tempo. Não que seja esquecida, mas sua força pode ser minimizada por uma nova bizarrice, a chamada "bizarrice da onda", digamos assim.

Atualmente dois fatores externos andam contribuindo para meu envelhecimento precoce e o aumento de minha raiva pessoal para com o resto da humanidade. São eles:

a) Toques de celular infames - geralmente oriundos de aparelhos móveis pertencentes à seres das classes D, E, F e assim sucessivamente. No topo da lista, temos aquela idiota risada de bebê. Além de achar graça, muita graça, o proprietário e seus convivas também o classificam como "fofo" (esta pertinente observação - "é fofo" - foi brilhantemente feita por Red). Minha vontade é arrancar o telefone da mão do idiota que o configurou para tocar de tal maneira e arremessá-lo em direção ao asfalto. Quando um ônibus estiver de passagem pela rua, claro. E o babaca ficará lá, sem obter nenhum tipo de explicação, apenas pensando em chamar a polícia porque, naquele momento, ele estará certo de que lida com uma psicopata.

A variável #1 é o cretino "atende atende atende atende atende o celular atende atende atende atende". Que pessoa em sã consciência acha que este ruído pode ser gerado em via pública sem consequências que o atinjam diretamente? Sem contar que a voz da gravação parece ter sido produzida por aquele esquilo viciado em cafeína, personagem do fantástico Hoodwinked. Há opção em classificar um indivíduo desses em alguma categoria que esteja fora de "retardados e etc"?

Temos também o amplamente utilizado: "Fiu Fiiiuuuu [assovio]! Olha a mensagem!". Apenas RIDÍCULO. Adoraria saber o que tais abobados têm contra os tradicionais "Trim", "Blim", "Blom", "Tururu", "Blaam" ou o vibracall. Sim, sei que ainda não acharam a resposta para esta complexa dúvida.

b) Pessoas que fazem menção às suas crianças através de adesivos cretinos afixados nos vidros de seus respectivos veículos. Há aquele babaquíssimo "Bebê a Bordo", normalmente cedido como brinde - de extremo mau gosto - por aquelas lojas cafonóides de artigos infantis. Normalmente podem ser avistados em Zafiras, Picassos, Scénics, Merivas, essas mini vans que têm sempre ao volante uma mongolóide dirigindo a 30 km/h na faixa da esquerda. Afinal de contas, o bebê dela está a bordo, ela TEM um bebê, alguém um dia a comeu, o mundo TEM que saber disso e ela, consequentemente, dirige "com prudência".

Este modelo supra citado poderia isoladamente irritar a mim e a meus descendentes pelas próximas 15 gerações. Mas o grave mesmo em se tratando de carros/crianças/adesivos vêm na forma de:

"Laryssah chegou!" - em glitter, formando um meio círculo, colado no vidro traseiro de um gol 87 possuidor de um insulfilme ESPELHADO.

Ou:

"Nosso anjinho Danilo está a bordo" - em letras garrafais, novamente ocupando todo o vidro traseiro filmado em preto asa de graúna de uma bela Caravan 1712. Aquela cujas lanternas traseiras eram redondas.

Ou:

"Gabryelly - Levada pela mamãe, guiada pelo Senhor" - Me abstenho de comentar. Me aprofundar neste item poderá desencadear um AVC e danos irreversíveis em meu tecido cerebral.

Portanto, meu amigo, se você se enquadra na categoria "a", na "b", ou gravemente em ambas, mantenha distância. Você correrá o mesmo risco de dar de cara com a T-X. Caso fosse o John Connor, claro. Se bem que acredito que ela o agrediria mesmo você não sendo Connor, apenas por concluir que seria o correto. Merecimento, sabe? Ela é programada para executar sempre o "certo", afinal.

IMPORTANTE: esta não é uma obra de ficção. Os toques de celular mencionados, assim como as frases nos vidros dos automóveis são reais e foram testemunhados por esta que vos posta. Sim, eu mereço.

domingo, 26 de julho de 2009

Furtando o post alheio

Enfrentando mais uma crise de insônia sem solução nesta noite de clima agradável na cidade de São Paulo, tendo meu belo livro finalizado - pretendo começar o novo Jon Krakauer brevemente - e com minha fazendas e todas as tralhas Facebookianas devidamente organizadas, decidi que o momento era adequado para dar início à ronda dos blogs.

Daí, turma, achei este post aqui no blog da Carlota. Achei válido roubar e dividir tal merda com a parcela da população que não tenha acesso a ela, Carla. Divirtam-se. Porque EU, minha gente, entrei em crise de asma aqui.

http://causeimstrongenough.blogspot.com/2009/01/quem-vai-salvar-o-mundo.html

domingo, 12 de julho de 2009

A pessoa não é normal

Devido à banalidades cotidianas cheguei à conclusão de que sou uma pessoa com fortes tendências a desenvolver vícios. Não, não me refiro a álcool, tabaco, analgésicos e substâncias ilícitas. Estes itens não me causam dependência, são apenas necessários para a sobrevivência do ser humano como espécie.

Eis o que me aflige:

Enquanto membro do Facebook, tenho acesso à toda infinita gama de aplicativos que o site disponibiliza. Nunca enfrentei problemas em relação ao Pac Man ou ao Tetris. O Poker, jogo de vez em quando. Biggest Brain, Mini Golf, Mafia Wars e todos aqueles "hearts", "kiwis", "kisses", "rounds", "drinks", dentre a lista sem fim de babaquices, nunca me prenderam por mais de 10 minutos em frente à tela. Para vocês terem uma idéia, nunca fiquei com raiva de ninguém na disputa de pets do Friends for Sale. Até que um simples movimento modificou toda a minha vida.

Com um clique, baixei o aplicativo My Farm. Sim, é uma fazenda onde você ara a terra, compra as sementes, planta aquelas merdas, espera crescer, colhe, vende e ganha dinheiro. E assim sucessivamente. Durante o processo todo, você compra casas, cercas, bichos, moinhos, tratores, brejos com sapos, celeiros, poços e toda a tralha possível de ser encaixada em uma fazenda. Tá.

No auge de minha empolgação com essa piromba - eu já tinha comprado a casa grande, meus bois estavam com um pasto lindo, meu celeirão já estava lá plantado no meio da grama - descobri que esta não era a única fazenda no Facebook. Acabou aí minha vida social.

Hoje sou dona de 4 fazendas muito bem sucedidas e não tenho tempo para nada mais. Blogar, nem pensar. Recentemente sonhei que uma delas tinha sumido e quase dei um pulo desta altura ao acordar. Tipo retardada mesmo. Deficiente mental. Se a coisa continuar como está serei obrigada a parar de trabalhar, ou alguém acha que é viável manter 4 puta fazendas enquanto problemas menores desviam sua atenção?

Então está explicado. Vamos supor que eu suma. Eu não morri, não tive a casa arrasada por uma manada de elefantes, nada de estranho me aconteceu. Eu apenas me transformei em uma grande latifundiária virtual e devo estar aumentando meus rebanhos direto de alguma conceituada casa de repouso.

Agora tchau, que eu tenho que ir lá colher meu milho.