Porque as bizarrices cotidianas devem ser comentadas

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Rebelde

A pessoa nunca foi santa, mas era capaz de se controlar. Nunca se alimentou de broto de bambu, semente de mamão, mas havia consciência habitando seu ser. Sempre teve em seu poder o telefone de delivery do El Kabong e semelhantes - e sempre os utilizou com certa moderação.

Era uma pessoa que, mesmo amarrada e arrastada à força, comparecia a seu compromisso diário com o maldoso professor que controlava seu treino na academia que frequentava. Ela treinava para maratonas e se esforçava nos exercícios com pesos. Em suma: sua alma era junkie mas havia lá a intenção em contornar este destino. E era dotada de um raro predicado, a vergonha na cara. Sim, ela realmente tinha vergonha naquela cara de pau.

Hoje ela está mudada. Sua vida é inteiramente dedicada a consumir itens gordurosos com a bunda fincada em alguma superfície macia. Há variações. É possível que ela saia de um estádio após assistir à final do campeonato estadual de futebol, entre na padaria Barcelona e se interesse por uma Torta Oreo exposta na vitrine de doces. Claro que isso não seria grave se o chopp do título no restaurante ao lado não estivesse ocupando o posto de primeira opção. Sim, ela tinha o chopp. Mas pensou na torta.

Tentativas de reverter tal quadro não foram registradas até o momento. E a pessoa permanece lá, comendo Pic Burgeres e reclamando da buzanfa; Consumindo Ribs on the barbie e notando a presença de um panceps antes inexistente; Pedindo por Polpettones com Nhoque e notando suas bochechas corarem.

A vergonha na cara? Provavelmente era de cor verde. Um burro passou, achou que era grama e comeu. Não há mais vergonha na cara.

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