Porque as bizarrices cotidianas devem ser comentadas

terça-feira, 14 de abril de 2009

Milagre

Só para constar que sim, milagres ocorrem de tempos em tempos e atingem pessoas comuns, pecadoras, maus exemplos, assim como eu ou você.

Anteontem, Domingo de Páscoa, uma querida amiga fez aniversário, evento que não podia de maneira alguma passar sem o tradicional furdunço. Portanto, no sábado à tarde, eu e mais 3 integrantes da ala feminina decidimos providenciar um grande e belo bolo para que os trabalhos comemorativos tivessem seu início garantido exatamente à meia-noite.

Pois lá fomos nós caçar um bolão e outros mantimentos necessários para a realização da grande festa. Simples? Sim, teoricamente.

Começou que estávamos em Campos do Jordão em uma casa habitada por 14 pessoas. Portanto, nada de bolinho. Precisávamos encontrar um exemplar dos grandes. Eram mais de 6 horas da tarde de pleno sábado de Aleluia, ou seja: todos os estoques de tudo, na cidade toda, estariam certamente comprometidos. Logo, não seria ali na doceira que confecciona sob encomenda os bolos descolados de Campos que encontraríamos um Floresta Negra de imediato. Sim, havia um drama no ar...........

Nesse meio tempo, concluímos que a tradicional padoca da avenida principal seria a solução de todos os problemas existentes. Além dos extras, adquiriríamos o bolo da aniversariante na confeitaria local.

Estava tudo resolvido até nos enfileirarmos em frente à vitrine que expunha os 15 bolos prontos para consumo - exatamente aquilo que procurávamos, era embalar e levar. Bem, nem tanto. Pânico, eles eram todos.......roxos em chantilly. E rosas, azuis, listrados, com granulados, cerejas e morangos caramelizados, tudo isso e tudo junto em cada um deles. Aquilo faria com que aniversariante sofresse uma crise de epilepsia ao assoprar as velinhas.

Como àquele horário já não havia mais opções, escolhemos o menos apoplético entre os bolos disponíveis (o que continha todos os elementos decorativos supra citados, menos o chocolate granulado), tacamos dentro do carro e tomamos o caminho de casa.

Foi quando Di, sentada ao lado da motorista e oficialmente responsável pela integridade do conteúdo do embrulho, concluiu que o painel do veículo era suficientemente grande para acomodar o pacote do bolo, de modo que decidiu largá-lo sobre o console no exato instante em que o carro encontrou sua primeira lombada.

Fez até barulho. Um barulho como o de.........sei lá, automóveis se chocando. Além de o bolo ter se estabacado de ponta cabeça, Di, na tentaviva de salvá-lo, enfiou seu polegar na massa e tentou agarrá-lo com a mão oposta amassando-o com toda a força que seus 5 dedos puderam produzir. Gravidade 115 na escala de 1 a 10, estávamos certas de que ali acabara de ocorrer aquilo que costumamos chamar de perda total.

Após um ataque de riso maníaco, chegamos em casa e, apavoradas, começamos a remover o papel que embalava nosso acidentado. Por alguma razão desconhecida o roxo/rosa/azul/listrado/xadrez com morangos estava intacto. Parece que a camada de chantilly colorido funcionou como uma espécie de cimenticola quartzolit.

Além de tudo, o recheio de doce de leite com morangos e a massa branca fofíssima, fizeram do estranho bolo uma delícia sem fim.

Sim, milagre.

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